Cinco mortos na derrocada da praia de Albufeira

A Protecção Civil actualizou para cinco mortes o balanço da derrocada de parte da falésia da praia Maria Luísa, em Albufeira. À morte de um homem de 60 anos, inicialmente assinalada, são agora somadas as mortes de três mulheres, cujos corpos foram resgatados debaixo dos escombros, e de uma outra mulher que sucumbiu durante a tarde no hospital.

RTP /
Os primeiros socorros foram prestados às vítimas da derrocada ainda no areal da praia Maria Luísa Virgílio Rodrigues, Lusa

Ao início da tarde, fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) confirmava a morte de um homem de 60 anos - que entrou em paragem quando foi socorrido e que, apesar de uma primeira reanimação, acabaria por sucumbir durante o trajecto para o hospital - e, cerca das 16:00, a Protecção Civil indicava a existência de dois cadáveres por retirar no local da derrocada.

Ao contrário do que foi então avançado, não era um homem e uma criança que se encontravam soterrados no areal, mas três mulheres, duas com menos de 25 anos e outra na casa dos 50, de acordo com o INEM.

A quinta vítima assinalada pelas autoridades era uma mulher de 38 anos, um dos dois feridos graves conduzidos ao Hospital de Faro. Foi na unidade de saúde algarvia que acabou por sucumbir aos ferimentos.

Oito pessoas resgatadas com vida
As equipas de socorro conseguiram logo numa primeira fase resgatar oito pessoas com vida, sendo seis feridos ligeiros.

O comandante Marques Pereira, da Capitania de Faro, adiantava na altura em que se efectuavam as operações de resgate e contenção das arribas que os trabalhos estavam a decorrer com o auxílio de máquinas retroescavadoras e outros equipamentos pesados.

Uma equipa formada por elementos do Instituto da Água, da Administração da Região Hidrográfica do Algarve e da Capitania de Faro dirigiu-se à praia Maria Luísa para tentar apurar as causas da derrocada.

Para o local foram ainda deslocadas seis ambulâncias, duas VMER e uma viatura de intervenção em catástrofes.

O Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro da Administração Interna  e o ministro do Ambiente dirigiram-se ao local, assim como o secretário de Estado da Protecção Civil, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira e o Comandante Operacional Distrital de Socorro de Faro.

José Sócrates sublinha "consternação do país"
Numa curta declaração aos jornalistas, o primeiro-ministro José Sócrates manifestou profunda consternação pela perda de vidas humanas na derrocada da praia Maria Luísa, de onde partiu para o Hospital de Faro, para apresentar aos familiares das vítimas e aos feridos "a consternação do país".

Sustentando que tinha em sua posse indicações de que "esta situação não tinha sido detectada como perigo iminente", o primeiro-ministro afirmou aos jornalistas que as operações de recuperação dos corpos deverão estar concluídas até à hora do jantar.

"Alguma coisa certamente aconteceu", afirmou José Sócrates, deixando a garantia de que a Administração Regional Hidrográfica do Algarve faz perícias, fiscaliza estas zonas e as sinaliza para dar conta ao público dos perigos.

Neste sentido, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, sublinhou que "a Protecção Civil e os bombeiros actuaram com rapidez, prontidão e com muita competência".

Arriba apresentava sinais de derrocada
De acordo com fonte da Autoridade Marítima, a arriba que esta manhã se desmoronou na praia Maria Luísa já vinha apresentando sinais de perigo de derrocada, razão pela qual se encontrava sinalizada.

"Esta era das situações mais graves. O arenito da rocha era bastante frágil e havia um risco de derrocada a ponto de levar a Autoridade Marítima a colocar avisos", declarou aos jornalistas o comandante Marques Pereira, lamentando que as pessoas não tenham ponderado as "situações de risco".

As equipas de socorro debatem-se agora com o tempo, quando a subida da maré ameaça impedir a prossecução dos trabalhos que visam a recuperação dos dois corpos que se encontram debaixo dos escombros.

Autoridades locais provocam derrocada controlada

Já esta tarde, as autoridades levaram a cabo uma derrocada controlada na falésia junto à zona onde se deu o acidente desta manhã.

O comandante do Porto de Faro foi abordado para explicar por que não foi realizada uma operação semelhante na zona que esta manhã ruiu depois de ter dado sinais de derrocada ao ponto de levar à colocação de avisos.

Perante estas questões, o comandante remeteu qualquer explicação para a Administração da Região Hidráulica do Algarve, que, abordada pela Agência Lusa, remeteu por seu lado qualquer explicação para o Instituto da Água.

PUB