Aquela clínica de Algés, Lisboa, reagia assim à notícia veiculada hoje pela Lusa onde Paulo Oliveira, médico do Hospital de S. João, Porto, afirmava ir realizar, quinta-feira, a primeira operação deste género em Portugal.

Paulo Oliveira, do S. João, disse hoje, à Lusa, que vai realizar quinta-feira uma cirurgia inédita em Portugal em termos ortopédicos, utilizando uma técnica que pode ser aplicada num joelho, tornozelo ou qualquer outra articulação.

"É uma técnica que permite solucionar perdas de cartilagem que tem indicações específicas e muito precisas", disse o médico ortopedista.

O clínico adiantou tratar-se de uma técnica desenvolvida por uma empresa norte-americana, a Genzyme, em que é produzido um implante de cartilagem das próprias células de um doente (condrócitos autólogos), para tratar um defeito na cartilagem de uma articulação.

Em comunicado assinado por Ana Rousseau, a Clínica de São Vicente de Paulo esclarece que ela própria efectua nos seus laboratórios, desde 2006, cultura autóloga de condrócitos, onde foi criada a matéria-prima necessária para as 45 intervenções cirúrgicas efectuadas desde aquele ano.

Segundo a clínica lisboeta, "o responsável pela vinda desta técnica para Portugal é o professor doutor Jiri Adler, director do Laboratório de Células, e o primeiro doente foi intervencionado com esta técnica, em Dezembro de 2006, pelo doutor Paulo Amado, no Hospital de São Sebastião".

"Seguiram-se os doutores João Salgueiro e Nuno Ribeiro entre outros. Em Portugal encontram-se operados com esta técnica cerca de 45 doentes e o preço ronda os 3.000 euros", acrescenta a fonte da clínica, que admite participar de Paulo Oliveira à Ordem dos Médicos e ao Colégio da Especialidade.

A Lusa contactou Paulo Oliveira para obter um comentário às declarações da Clínica de São Vicente de Paulo, tendo o clínico esclarecido que "a técnica a aplicar no Porto é diferente da que é aplicada em Lisboa há três anos".

Explicou que a técnica norte-americana, denominada MACI (siglas inglesas), "envolve um implante de condrócitos autólogos numa matriz de colagéneo, que depois é aplicada sobre a zona da perda de cartilagem".

"Trata-se, com efeito do transplante de condrócitos em suspensão", reconheceu o cirurgião.

"Mas é tecnicamente mais fácil e pode até a intervenção cirúrgica ser feita por artroscopia, que é muito menos invasiva e diminui o tempo operatório", disse Paulo Oliveira.

Esclareceu que não será o caso da cirurgia que vai quinta-feira ser efectuada no Hospital de S. João, que não envolve artroscopia, mas sim técnicas tradicionais.

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