Colisão entre comboio e veículo ligeiro fez cinco mortos

por RTP
A ambulância que transportou dois dos feridos para Penafiel acabaria por sofrer um acidente à saída de uma portagem da A4 Jorge Sousa, Lusa

Uma colisão entre um comboio regional e um veículo ligeiro sobre uma passagem de nível sem vigilância da Linha do Douro, perto do local de Ponte da Quebrada, no concelho de Baião, provocou esta terça-feira cinco mortos e dois feridos. Entre as vítimas mortais está o presidente da Junta de Freguesia de Santa Leocádia, Manuel Guedes, de 55 anos.

A viatura particular foi colhida cerca das 5h50 sobre uma passagem de nível da freguesia de Santa Leocádia. O comboio envolvido no acidente era uma composição regional que assegurava a ligação entre Régua e Porto. Ao amanhecer, os Bombeiros de Baião ainda não tinham concluído as operações para retirar o veículo do local. O carro transportava sete pessoas.

Em declarações à RTP, o presidente da Câmara Municipal de Baião, José Luís Carneiro, confirmou a morte do presidente da Junta de Freguesia de Santa Leocádia. Além de Manuel Guedes, de 55 anos, a colisão provocou as mortes de dois homens com 67 e 55 anos, de uma mulher com 63 anos e de um jovem com 16.

O acidente mobilizou 25 operacionais e sete viaturas dos Bombeiros de Baião e outras duas equipas do INEM. Dois dos feridos, uma mulher de 60 anos e um jovem de 15, foram transportados para o Hospital do Vale do Sousa, em Penafiel. O jovem de 15 anos, que sofreu um traumatismo craniano, foi entretanto transferido para o Hospital de São João, no Porto. Também transportado para aquela unidade portuense, o segundo jovem, de 16 anos, acabou por sucumbir aos ferimentos, indicou a reportagem da RTP no local do acidente, em directo para o Jornal da Tarde.

Os dois jovens que viajavam no automóvel eram netos do presidente da Junta de Freguesia de Santa Leucádia.

Ambulância sofre acidente

A ambulância que transportou dois dos feridos para o Hospital do Vale do Sousa acabaria por sofrer um acidente na portagem da Auto-estrada 4 em Guilhufe, Penafiel.

O segundo comandante dos Bombeiros de Baião, Orlando Rodrigues, garantiu que o acidente "não agravou a situação dos dois feridos graves": "Foi uma colisão lateral na zona da portagem e os três bombeiros ficaram feridos, dois deles ainda estão em observação e um já teve alta".

O acidente teve lugar a menos de meio quilómetro do Hospital de Penafiel. A Cruz Vermelha prestou o socorro aos bombeiros e aos feridos que seguiam a bordo da ambulância.

Viagem a Fátima

As vítimas da colisão na passagem de nível eram todas de Santa Leocádia e contavam participar esta terça-feira num passeio a Fátima organizado pela autarquia, uma iniciativa anual para idosos das freguesias do concelho. O veículo de marca Mercedes, com cinco lugares, transportava os sete ocupantes até ao local da partida de um autocarro.

"Estavam a transportá-los para um autocarro de 50 lugares que estava a aguardar num ponto de encontro de pessoas que iam participar hoje numa viagem promovida pelos serviços sociais da própria autarquia", explicou o presidente da Câmara Municipal de Baião.

"Acontece que, talvez por falta de cuidado no atravessamento da via, supomos que terá sido isso que aconteceu, este conjunto de pessoas foi colhido pelo comboio, o que lamentamos. É uma tristeza, uma consternação para todos nós e para as famílias, que estão destroçadas. Mobilizámos alguns recursos a nível de apoio psicológico e social", afirmou o autarca.

Cinco pontos perigosos na Linha do Douro

A passagem de nível onde se deu a colisão, adiantou à RTP o autarca de Baião, estava referenciada como um ponto perigoso a suprimir pela REFER: "Trata-se de uma das passagens de nível que temos no município de Baião e que estão previstas encerrarem. Aliás, a REFER está neste momento a desenvolver o projecto de execução para a supressão dessa passagem de nível".

O concelho, avançou José Luís Carneiro, tem "cinco pontos que estão determinados como perigosos na passagem do Douro": "Esses cinco pontos perigosos foram objecto de uma análise e de um acordo da REFER com a Câmara Municipal para a sua supressão, pese embora ter havido, na altura, muita contestação".

"De facto, trata-se de um ponto perigoso, porque é uma zona de passagem principal para um dos lugares de Santa Leocádia, que é o lugar da Alagoa. Por ser um local perigoso é que estava a ser objecto de intervenção por parte da REFER. Infelizmente, não foi a tempo de salvaguardar estas vidas", concluiu o presidente da Câmara.

À RTPN, o porta-voz da REFER José Manuel Santos Lopes confirmou a existência de um protocolo para a eliminação das passagens classificadas como perigosas em Baião.

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