País
Combater o calor em Lisboa. Este "mar de carros" podia ser das pessoas porque "a sombra já está cá"
Um grupo de 12 especialistas apresentou esta sexta-feira uma estratégia urbanística para combater as alterações climáticas e o desconforto térmico em Lisboa, um documento que quer depois apresentar à câmara municipal. A Antena 1 desafiou um dos elementos a escolher uma zona da cidade que poderia ser adaptada.
O urbanista Daniel Casas Valle esperava pela chegada da Antena 1 debaixo da sombra de um lódão-bastardo. É a árvore que domina a Avenida Luís Bivar, com as suas copas a criar uma generosa zona de proteção contra o Sol – estava no seu apogeu das 13 horas.
O passeio que fica no centro desta avenida, na freguesia das Avenidas Novas, é uma ínfima parte do separador central dominado por um “mar de carros”, descreve Daniel, com um apelo à imaginação: “imagina esta rua sem carros no eixo central”.
Acaba por responder mais à frente ao próprio desafio. “Temos oportunidade para um mercado, uma feira ou outra coisa de celebração, e podemos fazer isso sem grandes custos”, afirma, imaginando que a mudança pode começar pela abertura dessas ruas aos domingos.
“É um mar de oportunidades porque temos a arborização, a sombra já cá está”, diz Daniel Casas Valle.
E o que fazer aos carros dos moradores que não têm garagem? “É uma parte muito emocional”, começa por responder, mas defende que o modelo assente no automóvel privado “nao funciona, há modelos mais eficientes”, referindo-se a transportes públicos ou car sharing.
“Se tirarmos 20 ou 30 por cento dos carros, talvez tenhamos muitas mais oportunidades para refrescar a cidade e ter ecologias verdes”, aponta o urbanista que fundou a plataforma The Future Design of Streets e que trabalha a partir do Porto. Urbanista Daniel Casas Valle no Largo São Sebastião da Pedreira
Acaba por responder mais à frente ao próprio desafio. “Temos oportunidade para um mercado, uma feira ou outra coisa de celebração, e podemos fazer isso sem grandes custos”, afirma, imaginando que a mudança pode começar pela abertura dessas ruas aos domingos.
“É um mar de oportunidades porque temos a arborização, a sombra já cá está”, diz Daniel Casas Valle.
E o que fazer aos carros dos moradores que não têm garagem? “É uma parte muito emocional”, começa por responder, mas defende que o modelo assente no automóvel privado “nao funciona, há modelos mais eficientes”, referindo-se a transportes públicos ou car sharing.
“Se tirarmos 20 ou 30 por cento dos carros, talvez tenhamos muitas mais oportunidades para refrescar a cidade e ter ecologias verdes”, aponta o urbanista que fundou a plataforma The Future Design of Streets e que trabalha a partir do Porto. Urbanista Daniel Casas Valle no Largo São Sebastião da Pedreira
Ao lado, na Rua Tomás Ribeiro, renova críticas ao espaço automóvel: Daniel lamenta a largura da estrada, onde podem passar em algumas zonas dois carros em simultâneo.
As sombras apenas são sentidas numa parte da rua, ora por causa dos edifícios, ora pela presença das árvores, que não estão espalhadas por toda a rua.
Debaixo do calor das 13 horas, caminhamos para um bom exemplo descrito por Daniel, o Largo São Sebastião da Pedreira, renovado há um ano.

A esta hora a sombra apenas existe nas esplanadas e debaixo das árvores de grande dimensão que por aqui existem. As que foram plantados ainda têm de crescer para ajudarem a combater o calor.
“Temos de ter um pouco de paciência”, pede Daniel Casas Valle, ao lembrar que “trazem coisas muito bonitas para estes espaços”.
Quando não é possível ter mais vegetação, o urbanista diz que poderá fazer sentido montar estruturas que projetem sombras, em zonas movimentadas e de comércio.
As sombras apenas são sentidas numa parte da rua, ora por causa dos edifícios, ora pela presença das árvores, que não estão espalhadas por toda a rua.
Debaixo do calor das 13 horas, caminhamos para um bom exemplo descrito por Daniel, o Largo São Sebastião da Pedreira, renovado há um ano.
A esta hora a sombra apenas existe nas esplanadas e debaixo das árvores de grande dimensão que por aqui existem. As que foram plantados ainda têm de crescer para ajudarem a combater o calor.
“Temos de ter um pouco de paciência”, pede Daniel Casas Valle, ao lembrar que “trazem coisas muito bonitas para estes espaços”.
Quando não é possível ter mais vegetação, o urbanista diz que poderá fazer sentido montar estruturas que projetem sombras, em zonas movimentadas e de comércio.
"Estratégias são curtas e precisam de medidas mais aplicáveis”
Daniel Casas Valle faz parte do grupo de especialistas que está a preparar dita estratégia urbanística, coordenada pelo estúdio de arquitetura hori-zonte.
O co-fundador desse estúdio, Diogo Lopes Teixeira, concorda que há "problemas crónicas" relacionados com o calor, de disparidades entre zonas de Lisboa.
"Há zonas mais verdes e com outro tipo de ventilação natural, muito por culpa da topografia da cidade, pela densidade de edifícios ou pela cobertura arbórea", fazendo com que tenham quase dez graus inferiores a outras zonas mais problemáticas, explica. Em pontas opostas, dá como exemplos o Parque Florestal do Monsanto, o "pulmão verde" da cidade, e a zona oriental de Lisboa.
Declarações de Diogo Lopes Teixeira à Antena 1 | Foto na Rua Tomás Ribeiro
Realçando que a cidade tem feito trabalho no combate às alterações climáticas e ao desconforto térmico, Diogo Lopes Teixeira diz que “as estratégias são curtas e precisam de medidas mais aplicáveis”.
Embora considere a utilização do automóvel um “ponto sensível” por estar “culturalmente muito embuído na nossa sociedade”, o arquiteto defende que seja reduzida “aos poucos”, para que as pessoas possam “viver mais a rua” e aproveitar os seus espaços verdes.
Embora considere a utilização do automóvel um “ponto sensível” por estar “culturalmente muito embuído na nossa sociedade”, o arquiteto defende que seja reduzida “aos poucos”, para que as pessoas possam “viver mais a rua” e aproveitar os seus espaços verdes.
Do grupo de 12 especialistas fazem parte o cientista Filipe Duarte Santos, os arquitetos Manuel Aires Mateus, Inês Lobo, Adrian Krężlik, Diogo Lopes Teixeira e João Castelo-Branco, o engenheiro Vasco Appleton, o urbanista Daniel Casas Valle, os arquitetas paisagistas Paulo Palha e Catarina Viana, a especialista em saúde pública Teresa Leão e a especialista em sustentabilidade Vanessa Tavares.
A estratégia vai ser apresentada esta sexta-feira à tarde na Archi Summit, uma conferência de arquitetura em Lisboa, para depois entregar o documento à câmara municipal.
A expectativa do grupo é que a estratégia venha a servir como referência para a implementação de políticas e projetos sustentáveis na cidade.