Comboio a vapor propociona uma "viagem ao passado" no Douro Património Mundial
** Paula Lima (Texto) João Miranda (Fotos), da agência Lusa**
Vila Real, 06 Jul (Lusa) - Três maquinistas trabalham arduamente para por em andamento o comboio histórico do Douro, que todos os sábados conduz os turistas numa "viagem ao passado" entre as estações da Régua e do Tua.
A 30 quilómetros à hora, a velha locomotiva a vapor percorre os 46 quilómetros, que separam o Peso da Régua do Tua (Carrazeda de Ansiães), numa viagem que tem como paisagem predominante o rio Douro e as vinhas património mundial da UNESCO.
Ao inspector Rui Magalhães, juntam-se os maquinistas Miguel Marques e Nunes Pereira. Os três têm a árdua tarefa de alimentar a velha locomotiva de carvão, de encher os depósitos de água e lubrificar todas as velas e parafusos.
Rui Magalhães, que trabalha há 18 anos para a CP, disse à Agência Lusa que são precisas quatro horas para aquecer devidamente a locomotiva a vapor da marca alemã Henschel, que circulava no íncio do século XX, e a deixar pronta a arrancar da estação da Régua.
"É uma máquina totalmente dependente do homem, não tem nada de automático", salientou.
Miguel Marques pega na pá e enche a fornalha do antigo comboio, num um movimento que repete inúmeras vezes ao longo de toda a viagem, já que são precisas cerca de duas toneladas de carvão para alimentar a locomotiva.
"A primeira vez que vi passar este comboio senti um arrepio", salientou Miguel Marques.
Na altura, o maquinista ainda não trabalhava para a CP, mas agora faz questão de operar a composição histórico.
No entanto diz que hoje em dia não se via a trabalhar permanentemente neste comboio, porque "é muito trabalhoso" e "as temperaturas junto às caldeiras são muito elevadas".
Nunes Pereira, a trabalhar há 25 anos como maquinista, aproveita as paragens nas estações da Régua, Pinhão e Tua para lubrificar as peças da histórica carruagem.
"Temos que ter o máximo de cuidado com a manutenção da máquina. Dá muito trabalho mas a viagem é fantástica", salientou.
A Henschel puxa cinco carruagens históricas, recuperadas na sua traça original, com capacidade para 250 pessoas, mas este fim-de-semana não levava mais de 54 passageiros.
Fernando Pereira foi o revisor de serviço mas, que não se limita a controlar os bilhetes dos viajantes, mas também desempenha as funções de guia turístico.
"Os passageiros fazem perguntas sobre tudo, desde as estações, material do comboio ou o combustível da máquina", afirmou à Lusa.
Zélia Fernandes, emigrante nos Estados Unidos da América há 30 anos, regressa anualmente de férias à sua terra Natal, na Guarda, mas este ano fez questão de trazer os dois filhos pela primeira vez ao Douro e embarcar nesta viagem pela história.
O filho mais novo, o Rafael, por uns momentos até esqueceu o "game boy" e deixou-se encantar pelas paisagens durienses, desde o rio, as vinhas e as quintas com suas casas históricas.
Pedro Fernandes, o filho mais velho, parecia mais interessado no comboio e no seu modo de funcionamento.
"Estamos todos encantados e a adorar a viagem", afirmou Zélia Fernandes que, diz, faz questão de todos os anos ir mostrando um pouco de Portugal aos seus filhos.
O casal Daniel Costa e Paula Moedas vieram de propósito do Cartaxo com os três pequenos filhos, Bernardo, Rafaela e Maria Eduarda, para viajarem no comboio histórico e conheceram o Douro.
"O que eu mais gostei foi do túnel, quando tudo ficou escuro", gritou o pequeno Bernardo enquanto se debruçava na janela da composição para melhor conseguir ver o rio lá em baixo.
Paula Moedas viu o anúncio do serviço da CP na Internet e achou que seria uma "viagem engraçada para partilhar com os filhos".
Maia de Sá e a mulher Maria Amélia vieram de Vila Nova de Gaia apenas para viajarem no comboio histórico.
"O único senão é o fumo", referiu Maria Amélia, queixando-se do fumo intenso libertado pela locomotiva e que deixa todos os passageiros sujos de carvão.
O serviço "Comboios Históricos do Douro" foi criado em 1999 e, em 2007, efectuou 22 viagens, que transportaram cerca de quatro mil passageiros.
Todos os sábados, entre Maio e Outubro, o passeio começa às 14:46 e termina às 18:05, sempre acompanhado de animação por um grupo de música e cantares tradicionais da região do Douro.
Os bilhetes custam 43 euros para adultos e 21.50 euros para crianças, dos cinco aos 12 anos, encontrando-se á venda em todas as bilheteiras da CP e operadores turísticos do Douro.
Com um bilhete do comboio histórico, os clientes da CP podem usufruir de condições especiais de alojamento nos hotéis Régua Douro, Douro Park Hotel, Vintage House e Aquapura, bem como obter preços especiais no estacionamento na estação Porto/Campanhã.
PLI.
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