Concelhos afetados pelos incêndios serão alvo de projeto piloto de reordenamento

por RTP
Paulo Novais - Lusa

O primeiro-ministro esteve reunido com os sete autarcas dos concelhos mais afetados pelos incêndios de há uma semana. António Costa revelou que estas zonas serão alvo de um projeto piloto de reordenamento da floresta e do território, tendo como objetivo a revitalização do interior. O líder do Executivo não quis responder diretamente a críticas que lhe foram dirigidas. "Dou a cara e assumo responsabilidades", afirmou, garantindo que neste momento o que lhe compete fazer é dar resposta às populações afetadas.

O primeiro-ministro garantiu que até ao final da semana deverá estar concluído o processo de levantamento dos prejuízos decorrentes dos incêndios para avançar para a reconstrução de estruturas.

No dia 19 haverá uma nova reunião com autarcas para continuar a preparar um projeto piloto de reordenamento do território que envolverá os sete concelhos afetados pelos incêndios: Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã.

Um projeto que envolverá o reordenamento do território e da floresta que possa vir a evitar novas tragédias no futuro, com a que aconteceu em Pedrógão Grande.

"A coisa pior que pode acontecer é que a floresta volte a crescer como estava. Todos hoje sabemos bem que deixar a floresta crescer livremente é criar condições para que ela seja combustível e que não seja aquilo que deve ser - uma fonte de riqueza e de valorização económica", disse o chefe do Governo.

"Dou a cara e assumo responsabilidades"
António Costa não quis responder diretamente a críticas que lhe foram dirigidas, nomeadamente por Morais Sarmento, dizendo que a ministra da Administração Interna já ordenou uma avaliação global ao que se passou nos incêndios.

No entanto, o primeiro-ministro garantiu que não "empurra" coisa nenhuma, quando lhe foi perguntado se estava a empurrar uma resposta sobre o funcionamento do SIRESP. António Costa já se estava a dirigir para o carro quando voltou atrás para responder.

"Dou a cara e assumo responsabilidades", reforçou, lembrando o tempo em que foi ministro da Administração Interna. "Os debates que devia fazer há 11 anos, fiz há 11 anos. Hoje faço aquilo que me compete fazer, resolver problemas".

Costa realça que agora se centra no que lhe compete fazer, nomeadamente responder às populações, reconstruir, contribuir paea a prevenção dos incêndios e tomar medidas para o futuro.O incêndio de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, fez 64 vítimas mortais e mais de 200 feridos.

António Costa diz esperar as respostas das várias entidades que estão a avaliar o que sucedeu nos incêndios, "o mais rapidamente possível".

"Posso-lhe garantir o seguinte: não tem mais curiosidade do que eu", reforçou, em resposta a um jornalista.

Nesta deslocação a Pedrógão Grande, o primeiro-ministro fez-se acompanhar pelos ministros da Saúde e do Planeamento e das Infraestruturas, bem como pelos secretários de Estado da Segurança Social, do Desenvolvimento e Coesão e das Florestas e Desenvolvimento Rural.

Na tarde desta quarta-feira irá decorrer o debate quinzenal na Assembleia da República e antevê-se que o tema dos incêndios vá dominar os trabalhos no Parlamento.

A ministra da Administração Interna vai ser ouvida esta tarde, no Parlamento, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Uma audição que irá decorrer depois do debate quinzenal.
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