Constança Braddell morreu aos 24 anos. Jovem lutava para sobreviver à fibrose quística

por RTP
Instagram/DR

Constança Braddell estava internada nos cuidados intensivos com prognóstico "extremamente reservado", há mais de uma semana, e morreu no domingo, aos 24 anos. A notícia foi dada pela família da jovem que sofria de fibrose quística, e cujo caso se tornou mediático depois de ter apelado nas redes sociais a favor do acesso generalizado em Portugal a um tratamento inovador.

"É com grande tristeza que hoje [domingo], dia 11 de julho pouco depois das 14h, a nossa querida Constança nos deixou", informou a família através de uma publicação no Instagram.

Constança Braddell tinha 24 anos e lutava para sobreviver à fibrose quística, mas a família destaca que a jovem "viveu constantemente a sua vida com um admirável positivismo e entrega".

"Nunca tomou nada por garantido, apreciando cada momento da sua vida como se fosse o seu último", lê-se no comunicado.



Em março deste ano, Constança fez um apelo nas redes sociais para que fosse aprovado, em Portugal, o acesso generalizado a um tratamento inovador e eficaz, denominado Katfrio, para a sua doença.

"Não quero morrer, quero viver", escreveu na altura na publicação que tornou o caso mediático e gerou uma onda solidária. A jovem acabou por ter acesso, de forma excecional, ao medicamento, cujo acesso livre e generalizado aos doentes ainda não está autorizado no país.

A fibrose quística é uma doença rara e hereditária e os sintomas de Constança começaram a agravar-se desde setembro do ano passado, tendo a sua vida mudado, a partir daí.

Numa das publicações, desabafou que estava a "morrer lentamente" e que tinha perdido 13 quilos no "espaço de três meses", estando ligada a um ventilador não invasivo durante 24 horas.

"Uma simples ida à casa de banho parece impossível. Uma simples chamada ao telefone deixa-me exausta", relatava em março.

Embora não fosse uma "cura" para a doença, o medicamento Kaftrio/Trikafta podia melhorar o quadro clínico da jovem de 24 anos e dar-lhe mais qualidade de vida.

O pedido de Constança deu, então, origem a uma petição que foi entregue na Assembleia da República. O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte decidiu submeter ao Infarmed cinco pedidos de Autorizações de Utilização Excecional para um tratamento inovador.
Desde o final do mês de junho, Constança estava internada em "estado muito grave". Numa publicação no Instagram, a 3 de julho, a família informou que a jovem estava internada nos cuidados intensivos há já uma semana, numa "situação de extrema gravidade".

"O que está a suceder com a Constança é inesperado e nunca antes ocorrido no seu panorama clínico", lia-se na mensagem que esclarecia que a jovem tinha dado entrada no hospital depois de ter sofrido uma sucessão "de complicações do ponto de vista clínico" e que o seu prognóstico era "incerto" e "extremamente reservado".

Esta doença pode deixar efeitos e marcas graves, como infeções pulmonares e a falência renal, principalmente quando os doentes são sujeitos a ventilação, como Constança Braddell.

Segundo a irmã, Vera Marques, explicou numa entrevista à SIC, Constança desenvolveu um quadro de pneumotórax, que consiste na inflamação, enfraquecimento e rutura da pleura, a membrana que reveste o espaço entre os pulmões e a parede torácica - acontece quando o ar escapa e fica entre os pulmões e a parede torácica, pressionando os órgãos e dificultando a respiração.

Na mensagem divulgada no domingo, informando o falecimento de Constança, a família agradeceu "a todos os que se juntaram recentemente para ajudá-la a celebrar a Vida - é graças a todos e cada um de vós que ela viveu os mais extraordinários últimos meses da sua vida feliz e esperançosa".

"Um obrigado muito especial à incrível equipa médica que tomou conta da Constança ao longo da sua vida", acrescentam.

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