Carlos Farinha Rodrigues, membro da Comissão de Coordenação para a elaboração da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, teme que Portugal possa enfrentar um desastre social se as medidas de emergência, como as moratórias, terminarem de forma desarticulada.
Segundo Carlos Farinha Rodrigues, a Estratégia de Combate à Pobreza tem um horizonte temporal até 2030 e o processo tem de estar concluído até setembro.
Neste sentido, valoriza os fundos comunitários, nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência mas, mais do que dinheiro, considera que é preciso vontade política.
No âmbito desta Estratégia de Combate à Pobreza, o professor de economia defende uma redefinição do RSI (rendimento social de inserção) e a consolidação de algumas prestações sociais. Segundo Carlos Farinha Rodrigues, o sistema é demasiado fragmentado e, por isso, por vezes traduz falta de consistência.
Relativamente às alterações ao RSI, Carlos Farinha Rodrigues, que esteve envolvido na sua criação, considera que esta prestação "precisa de uma volta para ser mais eficaz, mais eficiente e mais adequado no combate à pobreza". Considera mesmo que devia ser majorado para aproximar o limiar do RSI ao limiar de pobreza.
Mais, Carlos Farinha Rodrigues considera que é preciso retirar o estigma social do RSI. As pessoas devem ser apoiadas financeiramente, sobretudo para abandonar a situação de fragilidade em que se encontram, e isso não significa apenas encontrar um trabalho. Neste sentido, considera o trabalho comunitário como uma opção para o RSI, porque se trata de uma forma de inclusão social, e um envolvimento maior das autarquias.
Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Catarina Almeida Pereira do Jornal de Negócios.