Costa apela à responsabilidade de todos no combate à Covid-19

por RTP
António Cotrim - Lusa

No fim da reunião do gabinete de crise do Governo, convocada para esta quinta-feira por causa do aumento do número de infetados e de mortes, o primeiro-ministro dirigiu-se aos portugueses com um forte apelo à "responsabilidade pessoal" de todos no controlo da pandemia. António Costa garantiu estar a acompanhar a tendência europeia de aumento de infetados com o novo coronavírus e admitiu que, se essa evolução se mantiver, Portugal poderá atingir os mil casos diários de Covid-19 na próxima semana.

Numa conferência de imprensa em São Bento, em Lisboa, após a reunião do gabinete de crise, António Costa falou sobre a evolução da epidemia em Portugal, afastando a possibilidade de serem aplicadas novas medidas de confinamento, apesar do aumento de casos diários nas últimas semanas.

Na sua declaração inicial, o chefe do Executivo considerou que o país "está a sofrer um forte crescimento de novos casos diariamente" - uma trajetória que começou a registar-se em meados de agosto. Por isso, de acordo com António Costa, "não se pode deixar que a pandemia continue a crescer".

"Não podemos deixar que a pandemia continue a crescer, mas não podemos voltar a parar o pais como paramos. Não podemos privar as crianças de ir à escola. Não podemos voltar a proibir as famílias de visitarem os seus entes queridos nos lares. Não podemos separar as famílias no natal. Temos de travar a pandemia, por nós próprios", apelou o primeiro-ministro.

Segundo o primeiro-ministro é necessário "travar a pandemia" e que todos os portugueses são responsáveis por controlar a transmissão da Covid-19. Para tal, António Costa relembrou que as regras e as medidas de prevenção devem ser respeitadas "permanentemente" e sem "relaxamento". "Agora, não vamos poder voltar a parar o país, como aconteceu em março. Agora, o controlo da pandemia depende da responsabilidade pessoal de cada um de nós".

"Temos de manter o distanciamento físico que é adequado em cada circunstância", apelou o primeiro-ministro, acrescentando que é fundamental usar máscara, manter etiqueca respiratório e instalar a aplicação Stayaway Covid.

"Cinco regras fundamentais: uso da máscara, manter higiene regular das mãos, respeitar a etiqueta respiratória, manter o afastamento físico adequado a cada circunstancia, utilização efetiva da aplicação Stayaway Covid - que respeita a proteção de dados, assegura o anonimato de todos, mas garante que cada um de nos se vier a estar infetado, possa avisar todos que podemos ter contagiado, ou beneficiar do alerta de qualquer pessoa que esteja estado connosco", continuou.

Se esta regras forem cumpridas, "conseguiremos controlar a pandemia, conseguiremos garantir que as empresas vão poder manter-se em atividade, e vamos garantir a proteção do emprego e do rendimento das famílias", sustentou Costa.

Lembrando que o custo social do "confinamento foi brutal", António Costa apelou à cautela de todos. "Está nas mãos de cada um assegurar" o controlo da pandemia, afirmou ainda na conferência de imprensa.

"O custo social do confinamento foi brutal, o sofrimento pessoal de cada um foi enorme. A dor nas famílias foi enorme, temos de evitar passar por isso tudo outra vez", destacou.
"Responsabilidade é constante"

O primeiro-ministro recordou que um dos principais problemas da covid-19 é que muitos infetados não mostram quaisquer sintomas e, por não saberem que estão infetados, entram com maior facilidade em contacto com outras pessoas e facilitam a propagação da doença.
"Compreendo que muita gente pense que afinal o vírus não é tão grave, e sobretudo agora que tem incidido numa faixa etária mais jovem, onde aparentemente as consequências são menos graves, as pessoas tendam a relaxar", afirmou. "Mas convém não esquecer que temos a responsabilidade de não contaminar outros, como idosos, ou pessoas que convivem connosco e não sabemos se tem alguma condição", apelou António Costa.

Podemos confiar na testagem, nos profissionais de saúde, no Serviço Nacional de Saúde, como lembrou o líder do executivo, mas é necessário que todos previnam os riscos de ser infetados e de poder infetar os outros.

"A nossa responsabilidade é permanente e não pode haver qualquer tipo de relaxamento", continuou o primeiro-ministro, lembrando que tudo passará apenas quando houver uma vacina ou tratamento.

"Compreendo que ao fim de muitos meses haja alguma fadiga. Isto não é uma corrida de 100 metros isto vai ser uma longa maratona, não sabemos quanto vai durar. Só terminará quando houver uma vacina ou um tratamento eficaz", afirmou.

Embora muitos jovens sejam assintomáticos ou não corram tantos riscos por não pertencerem a grupos vulneráveis.

"Não é pelo facto de ser jovem que a responsabilidade é menor", relembrou. "Estás nas mãos de cada um de nós controlar a pandemia", voltou a dizer.

"E não podemos estar à espera que as regras sejam definidas. Não podemos estar à espera que seja um polícia a dizer o que devemos fazer. Devemos ser polícias de nós próprios", afirmou ainda.
Portugal pode ter mil casos diários

O primeiro-ministro não anunciou qualquer medida nova, mas revelou que, na próxima semana, a Direção-Geral da Saúde terá concluído o plano de combate à pandemia para o período do outono e inverno. Seja como for, "antes de pensarmos em novas medidas, temos de nos concentrarmos nas regras que temos de cumprir".

António Costa disse ainda que "não há razões para pânico ou medo", mas que é necessária precaução e cautela, porque "cada pessoa prevenida vale por duas".

"Este é um esforço de todos nós", reforçou mais uma vez. "Se cumprirmos as regras poderemos fazer tudo: ir ao cinema, ao teatro, às escolas e andar de transportes públicos", prosseguiu.

Segundo António Costa, se a tendência em Portugal se mantiver, podemos "chegar aos mil casos por dia". Mas "temos de travar esta tendência".

"Não podemos parar o país", frisou o primeiro-ministro. "Temos de travar a pandemia por nós próprios", repetiu.

O primeiro-ministro garantiu ainda que "a capacidade de testagem aumentou significativamente" e que, apesar do crescimento de casos, o Serviço Nacional de Saúde ainda não está sobrecarregado, sendo que o balanço de desta sexta-feira revela uma queda no número de doentes internados.

"Felizmente, a pressão sobre o SNS mantém-se limitada. Aliás, os números de hoje revelam uma diminuição de internados, quer em cuidados intensivos, quer em internamentos gerais. Felizmente, não estamos numa situação em que não haja controlo no SNS. Mas os períodos de incubação são longos", ressalvou.

Do gabinete de crise para o acompanhamento da evolução da covid-19, que se tinha reunido pela última vez em 29 de junho, fazem parte membros do Governo como os ministros de Estado da Economia, dos Negócios Estrangeiros - Augusto Santos Silva não esteve hoje presente e fez-se representar pelo secretário de Estado Eurico Brilhante Dias - da Presidência e das Finanças, bem como os titulares das pastas da Defesa Nacional, da Administração Interna, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, da Educação, da Saúde e das Infraestruturas e da Habitação.
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