Covid-19. Adesão à vacinação em Portugal torna dispensável obrigatoriedade

por RTP
Reuters

Mais de 62 mil pessoas receberam o reforço das vacinas contra a Covid-19 e 30 mil pessoas foram vacinadas contra a gripe apenas no dia de sábado. Ao todo, foram administradas mais de 1,5 milhões de doses de reforço e mais de dois milhões contra a gripe. É "um grande exemplo de cidadania" e que vai permitir reduzir o impacto dos encontros familiares do Natal sobre os serviços de saúde, comenta Lacerda Sales, que rejeita comentar a falta de necessidade de tornar obrigatórias as vacinas, uma ideia do Presidente da República.

A Direção-Geral da Saúde anunciou, esta tarde, que 1.530.075 pessoas receberam a dose de reforço contra a Covid-19. Destas, 62.723 foram vacinadas no sábado e 3.749 completaram o esquema primário, num total de 8.595.904 vacinas administradas contra a Covid-19.
 
“A meta e o compromisso que o Governo tinha para com os portugueses de vacinar um 1,5 milhões de pessoas até ao dia 19 (de dezembro) foi atingido ontem. Os portugueses estão de parabéns porque deram um grande exemplo de cidadania”, comentou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, após visitar o centro de vacinação de Leiria.

Falta ainda dar a dose de reforço a quase 900 mil pessoas acima dos 65 anos. “É importante que haja uma adesão grande desta faixa elegível para que possamos vacinar as cerca de 270 mil pessoas” que cumprem as condições de elegibilidade, acrescentou.

O facto de ter a meta de vacinação ter sido atingida duas semanas antes do tempo vai ter impacto no sistema de saúde após o Natal, observa o secretário de Estado. “Pelo facto de termos atingido a meta de 1,5 milhões de pessoas (vacinadas) 14 dias antes do prazo com que nos tínhamos comprometido, permite-nos esta almofada temporal vacinar até ao Natal mais gente dentro das faixas elegíveis” e, deste modo garantir “o menor impacto possível na época do Natal, quando as famílias se juntam, e também o menor impacto possível sobre os serviços de saúde, comentou António Lacerda Sales.

Este domingo, as pessoas com mais de 50 anos a quem foi administrada a vacina da Janssen começaram também a receber uma segunda dose para reforçar a sua imunidade contra o coronavírus SARS-CoV-2.
Adesão torna obrigatoriedade desnecessária

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde considerou ainda que "não há nada para tornar obrigatório" se a adesão à vacinação contra a Covid-19 se mantiver, destacando que os portugueses aderem "histórica e culturalmente" à vacinação.

"Na minha perspetiva, eu acho que se continuarmos com o exemplo de cidadania que hoje aqui estamos a ver, com o exemplo de cidadania que temos visto nos portugueses ao longo destes meses de vacinação, eu acho que não há nada para tornar obrigatório, porque os portugueses aderem por si só a estas mensagens de sensibilização", afirmou.

O Presidente da República afirmou, este domingo, que perante "tão grande" adesão, "não se coloca em Portugal a questão" de tornar obrigatória a vacinação. Uma posição que António Lacerda Sales rejeita comentar, argumentando não ser "jurista nem constitucionalista".
"Estou feliz por saber que hoje mesmo está prevista a vacinação de dezenas de milhares de portugueses e que a adesão é tão grande que não se coloca em Portugal a questão de ter de haver vacinação obrigatória. Os portugueses percebem que devem vacinar-se, sem necessidade de vacinação obrigatória", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Contudo, "os portugueses têm uma cultura de sensibilização muito grande à vacinação e é histórica, não é de agora". "Temos um plano de vacinação com uma cobertura superior a 97, 98 por cento. Portanto, os portugueses estão habituados a aderir à vacinação, aderem à vacinação histórica e culturalmente", notou.

Lacerda Sales disse esperar também “que haja uma adesão grande por parte dos pais das crianças”, caso a Direção-Geral da Saúde decida vacinar crianças com menos de 12 anos, na sequência do parecer da Comissão Técnica de Vacinação.

"Espero, também, que haja uma adesão grande por parte dos pais das crianças, porque estamos a falar de crianças ainda sem autonomia para poderem decidir", assinalou, frisando que a vacinação "é feita com segurança e tem eficácia, isso é que é importante".
Apesar da vacinação, número de mortes aumenta
Nas últimas 24 horas foram registadas 23 vítimas mortais, um número superior ao de ontem. Os internamentos também estão a subir. Foram ainda registadas 3.786 infeções. “Uma tendência crescente” que preocupa o secretário de Estado Adjunto da Saúde.
"Estamos, claro, muito preocupados. Estamos com 374 de índice de incidência por 100.000 habitantes a 14 dias. Estamos com um índice transmissibilidade de 1,13, portanto, ainda superior a 1. E é claro que isso nos preocupa por ter uma tendência crescente", admitiu António Lacerda Sales.

Para o governante, a solução é acelerar a vacinação, reforçar da testagem e o "controlo de fronteiras, com a obrigação do teste à chegada".

Foram pedidos a "todos os hospitais e a todos os serviços de saúde planos de contingência" e que "as escalas de banco estivessem asseguradas", acrescentou Lacerda Sales. "Pontualmente, há um outro hospital que ainda precisa de poder tapar uma outra escala, mas isso é perfeitamente normal no Serviço Nacional de Saúde", disse, garantindo que a grande maioria dos hospitais já deu as escalas fechadas até ao final do ano.

Questionado se haverá recursos humanos suficientes nos hospitais para o Natal e Ano Novo, António Lacerda Sales observou que "os recursos humanos é algo que é sempre muito exigente". "Haverá sempre em alguns locais a falta de profissionais de saúde", notou, mas garante que "nesses casos, cá estamos para contratar, para continuar a contratar, para suprir essas faltas".

A Covid-19 provocou pelo menos 5.249.851 mortes em todo o mundo, entre mais de 264,78 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.537 pessoas e foram contabilizados 1.166.787 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

C/ Lusa
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