Covid-19. Com encerramento das escolas 50 por cento dos portugueses ficaram em casa

por RTP
Manuel Fernando Araújo - Lusa

A suspensão das atividades letivas começou na última sexta-feira e, de acordo com os dados do índice de mobilidade, o número de portugueses que ficou em casa aumentou para 50 por cento. Segundo a empresa PSE, em duas semanas, o confinamento passou de 30 para 50 por cento.

Os dados da mobilidade, recolhidos desde o início do novo estado de emergência, revelam que na sexta-feira, 22 janeiro, foi registado "o menor valor do Índice de Mobilidade – apenas 64 por cento da mobilidade pré-covid" – e "também o maior valor deste ano do Confinamento no Lar".

No dia em que começou a interrupção das aulas e as intituições de ensino foram encerradas, "ficaram em casa 50 por cento dos portugueses". Segundo os dados da PSE, no dia 11 de janeiro apenas 30,5 por cento da população ficou em casa.

Em comunicado, a empresa PSE, que tem monitorizado a mobilidade dos portugueses desde a declaração do primeiro estado de emergência, a 18 de março de 2020, realça que este valor - metade dos portugueses em casa - é 19,5 por cento superior ao registado há duas semanas. Além disso, este número fica apenas oito pontos percentuais abaixo do registo da primeira sexta-feira após a declaração do primeiro estado de emergência e é também o menor valor de mobilidade registado desde o mais recente estado de emergência.

"Em comparação com os dias 11, 12 e 13 de janeiro em que o confinamento era de aproximadamente 30 por cento, as primeiras medidas resultaram num confinamento a rondar os 40 por cento entre os dias 15 e 19, e com o fecho das escolas, neste primeiro dia, o confinamento atingiu 50 por cento da população", acrescenta ainda a nota da PSE. "Em dois passos, uma subida de 30 para 40, e de 40 para 50 por cento".

Certo é que, "após anúncio do fecho das aulas, os portugueses alteraram o seu comportamento". Ao longo do dia de sexta-feira, a "circulação foi significativamente menor do que na média dos quatro dias úteis anteriores" - em média, a circulação diminuiu 18 por cento.

Olhando para os períodos do dia, a PSE assinala que houve, em média, menos 34 por cenro de tráfego de manhã, entre as 06h00 e as 10h00, e que até às 18h00 a estimativa de confinamento era de 54 por cento. Porém, houve um aumento de circulação entre as 19h00 e as 21h00, resultando num acréscimo de mobilidade ao final do dia, "com perfil de maiores distâncias percorridas".

Por isso, a PSE observa que terá sido "seguramente fruto de uma saída das cidades, para um retiro fora das zonas urbanas, possivelmente antecipando um `lockdown` [confinamento] longe da cidade".
Encerramento das escolas "resultou"

Os dados da PSE, divulgados este sábado, comprovam que o "fecho das escolas resultou" e que os "portugueses alteraram o seu comportamento".

O efeito do encerramento das escolas, revela o relatório da PSE, "é bem visível na percentagem de confinamento adicional, isto é, na percentagem de população que adicionalmente está confinada em comparação com o que seria o nível normal pré-pandemia".

Nuno Santos, analista da PSE explicou à Antena 1 que o encerramento das instituições de ensino fez a diferença.

"Verificámos um salto siginificativo de pessoas que ficaram em casa", explicou o analista referindo-se ao primeiro dia de suspensão das atividades letivas.

Antes do recolhimento geral, que começou a 15 de janeiro, só havia 30 por cento das pessoas em casa. Um das razões para o aumento de pessoas confinadas em casa em deterinados horários, explicou Nuno Santos, foi também o encerramento do comércio às 20h00, uma vez que "o regresso a casa" foi antecipado uma hora ou uma hora e meia do que era costume.

Como explica a empresa, antes da pandemia, às sextas-feiras cerca de 23 por cento da população portuguesa, em média estava confinada. Mas os dados desta última sexta-feira mostram "um confinamento de mais 27 pontos percentuais face ao que seria a
'normalidade' pré-pandemia".

Para a PSE, "importa agora verificar o comportamento dos portugueses na próxima semana, sendo expectável um tradicional maior confinamento durante o fim de semana", ainda que as eleições presidenciais de domingo possam vir a ser "um fator excecional que irá alterar os níveis de confinamento que seriam expectáveis".

Houve ainda outra mudança referida no índice de mobilidade: as saídas noturnas.

"Apesar de haver um elevado cumprimento da norma de recolher obrigatório noturno nos dias em que esteve em vigor, verificámos em dezembro que, nas noites de sexta-feira e nas noites de sábado, havia sempre cerca de quatro por cento da população que saia efetivamente à noite, entre as 23h00 e as 05h00" e que "antes das 23h havia ainda um número maior de pessoas fora de casa", refere a PSE.

No entanto, na última semana, isso não se registou, o que revela que o comportamento da população "mudou de forma bastante clara", havendo "um cumprimento muito mais estável do confinamento noturno desde 15 de janeiro até ontem".

O Índice de Mobilidade PSE é um índice composto que reflecte a população em circulação, as distâncias percorridas e os tempos de deslocação da população portuguesa.

Este estudo é o painel da PSE, com recolha de dados contínua através de monitorização de localização e de meios de deslocação através de uma aplicação móvel de 3670 participantes, tratando-se de indivíduos representativos com mais de 15 anos, residente nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, Litoral Norte, Litoral Centro e Distrito de Faro.
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