Covid-19. Ovar retoma uma normalidade parcial após o fim do cerco sanitário

por Mário Aleixo - RTP
A vida em Ovar assume um caráter de normalidade parcial RTP

Ovar sai este sábado do estado de calamidade pública devido à Covid-19 e, após 31 dias de cerco sanitário, retoma alguma normalidade, voltando a permitir a circulação de particulares em direção ao concelho e daí para o exterior.

A quarentena geográfica imposta a esse município do distrito de Aveiro teve início a 18 de março e foi justificada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) com o ritmo a que a nova doença já então se disseminava na comunidade.

Esta sexta-feira o ministro da Administração Interna anunciou o levantamento da cerca profilática, por as autoridades de saúde reconhecerem ao território uma situação epidemiológica mais controlada, idêntica à que se verifica noutros concelhos do país e agora dispensando condicionamentos mais restritivos do que os impostos pelo próprio estado de emergência nacional, em vigor até 2 de maio.

Eduardo Cabrita alertou, ainda assim, que as forças de segurança se vão manter em Ovar para fazer cumprir "limitações especiais" e explicou que "aplicam-se não só aquelas, regras que estão em vigor em todo o território nacional, mas também um conjunto de restrições que, de qualquer modo, permitirão aos cidadãos de Ovar ir trabalhar para fora do concelho" ou, residindo no exterior, exercer o seu posto laboral nas unidades autorizadas a laborar dentro do município.
Embora a CP - Comboios de Portugal retome segunda-feira a entrada e saída de passageiros nas várias estações da Linha do Norte existentes no concelho, continuam assim interditos passeios, estadias na praia e outras deslocações no espaço público que não sejam motivadas por compras de bens de primeira-necessidade humana ou animal, procura de tratamento médico ou farmacêutico, e assistência a familiares.

Esse tipo de serviços foi inicialmente o único autorizado a manter a sua atividade, juntamente com postos de abastecimento de combustível, bancos, estações de correio e oficinas de reparação automóvel e informática, mas, desde finais de março, o Governo foi conferindo caráter de exceção a várias outras empresas locais.

Quatro despachos sucessivos autorizaram pelo menos 30 empresas a laborar, o que gerou críticas no tecido empresarial local, dada a diferença de critério para com outras unidades que também dispunham de rigorosos planos de contingência.

Na passada segunda-feira foi então permitida a reativação de aproximadamente mais 270 empresas, mediante restrições como a obrigação de laborar com apenas 1/3 dos recursos humanos habituais, recorrer apenas a trabalhadores assintomáticos residentes em Ovar e prescindir de funcionários maiores de 60 anos.Apelo ao bom senso
Desde o início do cerco, as forças da autoridade detiveram em Ovar 20 pessoas por violação da cerca sanitária, ao que se juntam outros processos por incumprimento da obrigação de confinamento.

Na sexta-feira à noite, o presidente da autarquia realçava na rede social Facebook que o sucesso da luta contra o SARS-CoV-2 dependia agora "da consciência de cada um" e apelava ao cumprimento dos termos do estado de emergência nacional.
Insistindo que "as deslocações para lazer e turismo estão completamente interditadas" e que as empresas e estabelecimentos autorizados a funcionar ficam sujeitos a "regras bem mais apertadas", Salvador Malheiro listava algumas: "Todos têm que usar máscara, todos têm que trabalhar com uma distância mínima de três metros (entre si) e os espaços de convívio só podem ser usados em 1/3 da sua capacidade".

Na sexta-feira ao fim da tarde, nos 148 quilómetros quadrados de Ovar a Câmara Municipal contabilizava 25 óbitos e 604 casos de infeção confirmada por covid-19. Pela mesma altura, a DGS ainda atribuía ao concelho apenas 498 contaminados.
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