Cremes perigosos - Autoridade portuguesa recomenda alternativas
A autoridade portuguesa que regula o sector do medicamento recomendou hoje que os dois cremes potencialmente cancerígenos à venda em Portugal devem ser utilizados apenas quando falharem outras alternativas terapêuticas, e por curtos períodos de tempo.
Segundo um alerta emitido quinta-feira pela autoridade norte-americana para o medicamento - a Food and Drug Administration (FDA) - os dois cremes para afecções cutâneas apresentam um potencial risco de cancro.
Trata-se do Elidel (pimecrolimus) e do Protopic (tacrolimus), dois medicamentos imunossupressores de aplicação tópica e indicados no tratamento de dermatite atópica (eczema), que se encontram à venda em Portugal.
Segundo nota emitida hoje pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), "de acordo com resultados de estudos realizados em animais em condições de sobredosagem, os medicamentos imunossupressores poderão estar associados a um risco técnico de desenvolvimento de neoplasias [tumores]".
A FDA recomenda aos médicos que prescrevam estes cremes apenas em situações em que outros produtos não tenham tido sucesso, uma advertência corroborada pelo Infarmed.
"Face à actual situação, o Infarmed recomenda que tanto o Elidel como o Protopic deverão apenas ser utilizados nas condições indicadas nos respectivos Resumos das Características do Medicamento", lê-se no comunicado.
Segundo a informação que acompanha os dois medicamentos, os cremes devem ser utilizados "apenas em doentes após a falência de outras alternativas terapêuticas".
Estes fármacos "não devem ser administrados a crianças com menos de dois anos de idade" e a sua utilização deverá ser "apenas por curtos períodos de tempo ou intermitentemente (a segurança em tratamentos de longa duração não é conhecida)" e "na dosagem mínima eficaz".
O Infarmed acrescenta ainda que, segundo os dados disponíveis até ao momento, "não há evidência de aumento da taxa de ocorrência de neoplasias em doentes tratados com estes fármacos, comparativamente à população em geral".
Segundo o Infarmed, este assunto encontra-se em avaliação pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA) conjuntamente com a autoridade regulamentar do medicamento dos EUA (FDA) há já algum tempo.