Creutzfeldt-Jacob afecta 10 a 15 portugueses/ano

A doença de Creutzfeldt-Jacob afecta, em média, dez a 15 portugueses por ano, tendo o primeiro caso provável de contaminação através do consumo de carne bovina surgido no mês passado, disse o sub-director geral de Saúde.

Agência LUSA /

Francisco George falava numa sessão de esclarecimento sobre o tema, promovida pela Agência Portuguesa de Segurança Alimentar.

O primeiro caso provável em Portugal de variante da doença de Creutzfeldt-Jacob, associada ao consumo de carne bovina infectada com a designada "doença das vacas loucas", foi diagnosticado num jovem do sexo masculino e comunicado a 10 de Junho pela Direcção-Geral de Saúde, tendo sido já validado por especialistas britânicos.

A doença de Creutzfeldt-Jacob (dCJ), que pode manifestar-se sob diversas formas, afectou 13 portugueses em 2004.

"No seu conjunto, as diferentes formas da dCJ têm uma incidência de 1,2 casos por milhão por ano, ou seja, temos 10 a 15 casos por ano, em média", disse Francisco George.

A dCJ é uma doença de declaração obrigatória que se tornou mais conhecida durante a "crise das vacas loucas" que atingiu vários países europeus em meados da década de 90.

No entanto, só na sua forma "variante", cujo primeiro caso provável em Portugal foi recentemente assinalado, a transmissão da doença está associada ao consumo de bovinos infectados com BSE (encefalopatia espongiforme bovina), uma patologia neurológica degenerativa que não tem cura e é fatal.

Ao contrário da "variante", que aparece em idades jovens, a forma mais conhecida de dCV, designada por "esporádica" ou "clássica", ocorre sobretudo em idades avançadas.

Existe uma outra forma de dCJ, mais rara, que ocorre por via familiar e uma outra normalmente provocada por actos médicos, como transplantes de córnea ou utilização de hormonas de crescimento, conhecida por "iatrogénica".

No entanto, Franciso George afirmou que a doença está ainda pouco estudada, sabendo-se muito pouco sobre como acontece a contaminação nestes casos.

No caso da "variante" da dCJ, sabe-se que o período de incubação é normalmente superior a cinco anos, o que leva a crer que o jovem português poderá ter sido infectado antes de 1998, altura em que foi proibido alimentar os animais com farinhas produzidas a partir de sub-produtos de outros animais.

O sub-director geral de Saúde explicou que este caso é apontado como "provável", devido à validação de testes laboratoriais, porque só é possível fazer a confirmação da doença após a morte.

O diagnóstico suspeito foi validado por um especialista britânico que se deslocou a Portugal para observar o jovem, adiantou Francisco George.

O responsável da Direcção Geral de Saúde não quis adiantar informações sobre o estado de saúde do jovem, limitando-se a referir que "está a ter um acompanhamento médico especializado".

O caso foi comunicado, entretanto, às autoridades europeias.

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