Decisão de Meneses "só na aparência é que é surpreendente" - Miguel Veiga

Porto, 18 Abr (Lusa) - Miguel Veiga, fundador do PSD, considerou hoje que a demissão de Filipe Menezes da liderança do partido "só na aparência é que é surpreendente".

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"Ele e o seu grupo foram vítimas de si mesmo", acrescentou.

Miguel Veiga sustentou que a liderança de seis meses de Menezes "foi inconsistente e irrelevante".

"É o que nos chega das sondagens, dos politólogos, dos analistas e dos comentadores. Ele e o seu grupo só de si se podem queixar", frisou Miguel Veiga.

Em declarações à Lusa, o advogado considerou que a atitude de Meneses é "uma manobra de diversão que não ilude ninguém", comparando a sua actuação com os "desatinos e desgovernos que levaram Santana Lopes a perder o poder".

"Ainda há pouco tempo, Meneses dizia peremptoriamente que não saía nem à bomba. A conclusão lógica que se pode tirar é que implodiu, uma vez que foi ele próprio que se demitiu", sustentou.

Miguel Veiga manifestou-se, no entanto, "preparado para outras surpresas".

"Disse [quinta-feira] que não estava na corrida. Então, eu pergunto, porque é que marca um prazo tão curto e tão inadequado para as próximas eleições?", questionou.

O advogado considerou que "um prazo tão curto só pode beneficiar quem já está no terreno".

"Ângelo Correia já disse que apoiaria a recandidatura de Filipe Menezes, o que faz presumir que mais uma vez, contrariamente ao que ele diz, se vai recandidatar", adiantou Veiga.

O advogado salientou que a "inconstância de Meneses é uma permanente constância da sua personalidade política".

Em seu entender, esta demissão "não passa de outra manobra para, entretanto, se fazer renascer das cinzas, depois de ter `implodido. É mais uma tentativa de se relegitimar", disse.

"Limito-me a interpretar os factos", frisou.

Sobre os possíveis candidatos à liderança do PSD, Miguel Veiga disse que "perante a disponibilidade de Aguiar Branco, a dúvida em relação a Passos Coelho e os indícios sobre a disponibilidade de Manuela Ferreira Leite" prefere aguardar até que "as próprias pessoas se declarem disponíveis".

"Apoiarei o candidato que apresentar um projecto próprio, credível e fiável e aquele que eu considerar ter maior capacidade federadora dentro do partido, para reunir as diversas sensibilidades e criar uma verdadeira alternativa ao PS, que não existe", acrescentou.

Luís Filipe Meneses apresentou a sua demissão, e anunciou eleições directas para 24 de Maio, no mesmo dia em que o antigo ministro da Justiça Aguiar Branco declarou em entrevista à Visão a sua disponibilidade para concorrer à liderança do PSD.

Na conferência de imprensa, que se seguiu à reunião da comissão do política do PSD, Luís Filipe Menezes reconheceu que o partido está "muito doente", depois de ter apontado a "oposição interna nada corajosa de militantes", a "crítica permanente" e os "insultos pessoais" que, a seu ver, "destruíram o PSD, desgastaram a sua imagem de partido alternativo".

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