Desaparecimento de Rui Pedro chega a Tribunal 13 anos depois

Um dos desaparecimentos mais mediáticos em Portugal, o do jovem de 11 anos Rui Pedro, acontecido a 4 de março de 1998, abre hoje um novo capítulo com o início do julgamento de Afonso Dias, acusado do rapto do adolescente, que esta manhã terá a sua primeira sessão no Tribunal de Lousada. Um julgamento que deverá arrastar-se por várias semanas face às cerca de 70 testemunhas arroladas pela família da criança e da dezena que a defesa apresentará.

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O desaparecimento de Rui Pedro aconteceu há 13 anos e chega hoje a tribunal RTP

Decorreram 13 anos e, finalmente, a família de Rui Pedro consegue ver luz ao fundo do túnel sobre os motivos que levaram ao desaparecimento do jovem com o início do julgamento de Afonso Dias, o único arguido neste processo, e que é acusado do rapto a 4 de março de 1998.

Não se sabe se o único arguido deste processo vai falar em audiência, mas Ricardo Sá Fernandes, advogado da família de Rui Pedro, já disse que o depoimento de Afonso Dias pode ser determinante para apurar o que aconteceu à criança naquele dia.

Face ao número de testemunhas arroladas pela família de Rui Pedro e pela defesa é provável que o julgamento decorra ao longo de várias semanas tendo o Tribunal agendado cerca de uma dezena de sessões, a última das quais no dia 14 de dezembro, embora Ricardo Sá Fernandes, representante da família de Rui Pedro, já tenha dito esperar que sejam necessárias entre 12 a 15 sessões para concluir o julgamento.

Aguarda-se com expectativa as primeiras sessões e as declarações de algumas testemunhas, nomeadamente dos inspetores que participaram nas investigações, cujos esclarecimentos poderão ser determinantes para a produção da prova em audiência.

Foi a 6 de junho deste ano que ficou determinado que Afonso Dias, de 35 anos, devia ser submetido a julgamento por haver "indícios e sinais objetivos" da prática de um crime de rapto qualificado com o despacho de pronúncia do magistrado Jorge Moreira Santos a considerar que as provas que constam da acusação indiciam que o arguido "criou, de forma enganosa", condições para conduzir Rui Pedro à freguesia de Lustosa para se encontrar com uma prostituta.

Na base da decisão do juiz estão declarações de algumas crianças que disseram ter visto Rui Pedro a falar, nas proximidades da Escola Secundária de Lousada, com o arguido no dia do desaparecimento, sendo que a acusação sustenta a "forte probabilidade" de Afonso Dias, então com 21 anos, ter conduzido o menor para um encontro sexual com prostitutas.

Depois disso, Rui Pedro nunca mais foi visto, apesar de diligências que se estenderam pelo estrangeiro e contaram com a colaboração da Interpol.
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