Descargas poluentes no Rio Onda afectam 30 agricultores

A Associação ambientalista Amigos do Mindelo alertou hoje para a existência de descargas poluentes no rio Onda, que põem em causa os cultivos de cerca de três dezenas de agricultores de Vila do Conde.

Agência LUSA /

"Ao longo das últimas quatro semanas têm sido realizadas descargas de águas residuais no rio Onda, um dos mais limpos da região, que provocaram uma forte poluição, encontrando-se a água com uma cor acastanhada e um cheiro ácido intenso", afirmou à Lusa Pedro Macedo, da associação.

Segundo referiu, os agricultores da região temem ficar impossibilitados de utilizar a água para rega, o que poderá pôr em causa os cultivos, nomeadamente de milho e batata.

Os ambientalistas referem que as descargas serão provenientes da fábrica de lacticínios Lactogal, "que se encontra em fase de testes".

Contactado pela Lusa, José Maia, presidente da mesa da Assembleia Geral da Associação dos Agricultores de Vila do Conde, disse que as descargas são diárias e efectuadas num local específico, sendo que a cor acastanhada das águas tem-se intensificado, assim como o mau odor.

Depois de mandar analisar a água, disse José Maia, concluiu-se que esta contém uma elevada quantidade de sódio.

"Podemos ter problemas nas culturas e tememos que esta água, se utilizada para rega pelos agricultores, venha a comprometer a fertilidade dos solos", alertou.

O responsável adiantou ainda que entre 25 a 30 agricultores de Vila do Conde recorrem às águas do rio Onda para regar os seus cultivos.

"Não tem sido necessário regar, porque choveu nos últimos tempos, mas brevemente será preciso molhar a terra", disse, acrescentando que, se este caso não for resolvido rapidamente, haverá, com certeza, agricultores que "correrão o risco" e utilizarão a água poluída.

A Associação Amigos do Mindelo alertou a Câmara de Vila do Conde para esta situação e já apresentou queixa na GNR local e na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).

Contactado pela Lusa, o vereador responsável pelo pelouro das Obras Públicas e Protecção Civil, António Caetano, afirmou ser de "admitir que as descargas possam ter a ver com esse complexo industrial (Lactogal)".

"Fomos alertados pela população para estas descargas e há cerca de três semanas que a situação está a ser monitorizada", disse, acrescentando "ser certo que a autarquia o quer encarar como uma situação provisória".

"Caso a situação não se resolva a curto prazo, a Câmara desde logo não emitirá a licença de utilização", que se torna indispensável para empresa obter a licença de exploração, disse.

Para o vereador, estas descargas deverão estar a acontecer pela Lactogal se encontrar num período transitório de instalação.

A agência Lusa tentou ouvir os responsáveis da empresa Lactogal, mas tal não foi possível em tempo útil.


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