Diabetes com crescimento acentuado em Portugal

por RTP
Entre os diabéticos portugueses, mais de um milhão de pessoas entre os 20 e os 79 anos, mais de metade não sabe que tem a doença. Mario Anzuoni - Reuters

A doença já afeta um milhão de portugueses, cerca de dez por cento da população, mas metade nem sabe que a tem. Entre as principais causas para o despertar da diabetes estão o excesso de peso e a falta de exercício.

Em média, a diabetes matou 12 pessoas por dia em Portugal, em 2015. A conclusão é revelada esta quarta-feira no relatório "Diabetes: Factos e Números", do Observatório Nacional da Diabetes.

O documento alerta para o "crescimento acentuado do número de novos casos diagnosticados em Portugal" durante o ano de 2015. Nesse ano, foram identificados, em média, 168 novos casos por dia.
Carla Pinto - Antena 1

"O impacto do envelhecimento da estrutura etária da população portuguesa (20-79 anos) refletiu-se num aumento de 1,6 pontos percentuais da taxa de prevalência da diabetes entre 2009 e 2015", lê-se no documento.

Segundo o relatório, a doença é mais prevalente em homens do que em mulheres e há maior incidência de casos entre as idades mais elevadas. Mais de um quarto das pessoas entre os 60 e os 79 anos sofre da doença.

Rui Duarte, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, destaca que os números são surpreendentes mas só vêm confirmam a tendência crescente dos últimos anos.

O responsável considera que os profissionais estão "cada vez mais atentos" para este problema e que há maior predisposição para o diagnóstico. 

Custos com a doença
Nas contas deste relatório, os encargos com medicamentos para diabéticos para o Sistema Nacional de Saúde mais do que triplicaram em dez anos. Entre os fármacos mais vendidos estão as insulinas e antidiabéticos não insulínicos.

O documento aponta para um aumento dos custos de 269 por cento num período de dez anos, sendo que também existe um crescimento significativo do consumo de medicamentos para a diabetes - tal como acontece em toda a Europa -, mas inferior à subida dos custos.

O aumento dos custos explica-se porque, além do aumento da prevalência da doença, subiu também o número e a proporção de pessoas tratadas, bem como as dosagens utilizadas nos tratamentos.
Número de consultas diminuiu
O número de consultas de diabetes nos centros de saúde diminuiu 12% entre 2014 e 2015, mas aumentaram os doentes sujeitos a rastreio da retinopatia diabética.

A retinopatia faz parte das principais complicações crónicas da diabetes, tal como a neuropatia e a amputação.No que se refere ao número de amputações de membros por causa diabetes houve um decréscimo de quase 30 por cento face a 2006. O número de amputações dos membros inferiores atingiu mesmo o numero mais baixo da última década.

A avaliação e diagnóstico dos "pés dos diabéticos", outra complicação da doença, também aumentou na comparação entre os dois mais recentes relatórios, mas o número de internamentos diminuiu.

Segundo o documento anual divulgado pelo Observatório Nacional da Diabetes, em 2015 houve pouco mais de 2,1 milhões de consultas de diabetes nos cuidados primários de saúde, quando no ano anterior tinha havido 2,39 milhões, ou seja, uma diminuição de 12 por cento.



Tópicos
pub