Diospireiro sobrevivente de Nagasaki deixa "filho" no Porto

Os jardins do Palácio de Cristal, Porto, vão receber quarta-feira um diospireiro descendente de uma das poucas árvores que sobreviveram em 1945 ao lançamento pelos Estados Unidos de uma bomba atómica sobre Nagasaki, Japão.

Agência LUSA /

A plantação do diospireiro (conhecido no Japão como kaki) vai decorrer no Dia da Árvore, no âmbito da geminação entre as cidades do Porto e Nagasaki, celebrada em 1978.

O projecto "Revive Time Kaki Tree" foi fundado em 1996 pelo botânico Masayuki Ebinuma e pelo artista plástico Tatsuo Miyajima, como forma de valorizar o simbolismo da sobrevivência de uma árvore a uma das maiores tragédias da história da Humanidade.

Dois anos antes, Ebinuma tratou o kaki sobrevivente e conseguiu, a partir das suas sementes, germinar novos diospireiros.

Os mentores do projecto começaram, então, a promover exposições e debates em vários países e a requerer licenças para a exportação de sementes e árvores.

Segundo o site do projecto (http://www.plala.or.jp/kaki- project/), já foram plantados descendentes do kaki em vários locais do Japão, Coreia, Canadá, Estados Unidos, Porto Rico, França, Bélgica, Itália, S. Marino, Eslovénia, Sérvia, Suiça, Reino Unido e República Checa.

Portugal (Museu de Arte Moderna, Sinta, 2001), Irlanda, Geórgia, Alemanha, Espanha, Brasil, Índia e Austrália foram outros países que acolheram iniciativas do projecto.

O envio de Nagasaki para o Porto de um destes kakis de segunda geração foi aproveitado pelo pelouro do Ambiente da Câmara do Porto para o desenvolvimento de um projecto de origami (arte de dobragem de papel tradicional do Japão) que envolveu crianças dos três aos 10 anos.

Estas crianças aprenderam a técnica do origami e produziram inúmeros tsurus, pássaros em papel, que a partir de quarta-feira vão estar espalhados pelos jardins do Palácio de Cristal e depois serão enviados para Nagasaki.

"Segundo uma lenda japonesa, quem fizer mil tsurus a pensar num desejo, este será concretizado. Por este motivo, é tradição no Japão depositar milhares de tsurus nos monumentos em homenagem às vítimas das bombas nucleares de Nagasaki e Hiroshima como expressão do desejo que tal tragédia não volte a acontecer", explica a autarquia, na apresentação do projecto.

A plantação do kaki vai contar com a presença do vice- presidente e vereador do Ambiente da Câmara do Porto, Álvaro Castello- Branco, e de um representante da cidade de Nagasaki.

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