Distribuidor desconhecia decisão oficial e garante que hipersensibilidade não retira pão e leite do mercado

Lisboa, 01 Abr (Lusa) - O director técnico de uma das duas empresas distribuidoras do suplemento alimentar Depuralina em Portugal garantiu hoje desconhecer qualquer tipo de decisão sobre a suspensão da venda do produto, momentos antes da divulgação de um comunicado oficial.

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Segundo Ricardo Leite, do DietLab, o suplemento alimentar é composto por fibras, nomeadamente pelos cereais trigo, aveia e linhaça do Canadá e probióticos, tal como indicado pelo rótulo.

"Não é por haver hipersensibilidade (alergia) aos cereais que deixa de haver pão no mercado ou à lactose que o leite deixa de ser vendido", argumentou.

Por decisão da Direcção-Geral da Saúde, Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura e Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) foi suspenso de imediato a venda do suplemento alimentar devido a "fortes suspeitas de associação causal entre a utilização" do produto e o aparecimento de episódios tóxicos graves.

As "fortes suspeitas" de casos de reacção alérgicas e toxicidade no fígado devido ao consumo da depuralina surgiram após a notificação de "três casos graves de doença aguda, e após análise por especialistas" das três instituições.

Identificada a situação pelos dispositivos de alerta, seguindo o princípio da precaução e por razões de protecção da saúde pública, foi assim determinada a suspensão imediata da comercialização.

O documento recomenda ainda que os consumidores do suplemento suspendam o seu consumo e caso apresentem qualquer alteração do seu estado de saúde, consultem de imediato um médico.

O director do Instituto Hipócrates de Ensino e Ciência, incluído no grupo da Universidade Lusíada, Carlos Ventura, garantiu à Lusa que quando se trata de produtos naturais "só em doses elevadíssimas há risco de toxicidade".

O responsável do instituto, que já organizou nove edições do curso para técnicos de lojas de produtos naturais, sublinhou, porém, a necessidade de distinguir os produtos completamente naturais daqueles que têm uma componente química.

"Esses produtos já não fazem parte da fitoterapia (terapia assente em plantas medicinais)", afirmou, referindo que o produto, actualmente com três apresentações, só deve ser tomado numa forma.

"Só se deve tomar um dos produtos e nunca dois ou os três porque apenas um já teria um efeito de estimulação demasiado forte para o aparelho urinário e intestinal", recomendou o especialista, afirmando a importância dos consumidores pedirem conselho a especialistas, que nesta área são os fitoterapeutas e naturopatas.

PL

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