Doenças inflamatórias do intestino afectam 12.500 portugueses - estudo

Porto, 23 Jan (Lusa) - A doença de Crohn e a colite ulcerosa, doenças inflamatórias do intestino, deverão afectar cerca de 12.500 portugueses, disse hoje à Lusa Fernando Magro, presidente do Grupo de Estudo da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII).

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Segundo referiu, esta estimativa advém daquele que é o primeiro levantamento de âmbito nacional realizado para avaliar as características dos doentes com Crohn e colite ulcerosa.

"Estimamos que haja 12.500 doentes com uma destas incidências", sustentou Fernando Magro, acrescentando cada uma destas doenças têm uma "incidência de sete em cada 100 mil habitantes".

Este primeiro estudo sobre a doença de Crohn e colite ulcerosa, realizado em Portugal, teve início em 2005 e terminou no ano passado, estando a sua "publicação para breve", referiu o gastrenterologista, que trabalha no Hospital de S. João, Porto.

Fernando Magro acrescentou que o estudo, que contou com a participação de 33 hospitais e 77 médicos e incidiu sobre doentes de todo o território português, incluindo ilhas - acompanhados em hospitais centrais e distritais - conclui que "60 por cento dos doentes são operados".

De acordo com o médico, 12 por cento destes doentes soube do seu diagnóstico antes dos 16 anos.

O estudo, realizado em parceria com a Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI), concluiu ainda que cada um destes doentes "gasta em média duas horas por dia a tratar da sua doença", salientou Fernando Magro.

A doença de Crohn caracteriza-se por uma inflamação crónica que pode afectar qualquer segmento do tubo digestivo, comprometendo mais frequentemente o intestino delgado, e evoluindo por períodos de agravamento e remissão.

A colite ulcerosa é uma doença crónica que afecta a camada interna (mucosa) que reveste o intestino grosso ou cólon.

Estas duas doenças manifestam-se muito cedo, apresentando como sintomas o emagrecimento, diarreia, febre e dores abdominais, entre outras.

Abordar novas perspectivas no tratamento destas doenças é um dos objectivos da reunião do GEDII, que ocorre sábado, em Sintra e que vai contar com a presença de destacados especialistas internacionais, nomeadamente Lichtenstein e Colombel, norte-americano e francês, respectivamente.

"Queremos discutir a administração da terapia biológica, designadamente procurar que os médicos não tenham receio em utilizar esta terapêutica", frisou Fernando Magro.

Para o especialista, pela primeira vez existe um fármaco para o tratamento destas patologias que, em situações moderadas ou graves, altera a história natural da doença.

Estas duas doenças são responsáveis por um número elevado de hospitalizações e cirurgias.

O médico considera que, com esta terapêutica, é possível melhorar a qualidade de vida dos doentes.

"Actuando-se precocemente consegue-se alterar o seu modo evolutivo", frisou Fernando Magro.

O especialista relatou que na enfermaria do seu serviço, no Hospital de S. João, "havia doentes difíceis de controlar que passavam mais de um mês internados e que, agora, com este fármaco, em três dias podem ter alta".

O GEDII é composto por cerca de uma centena de médicos, nacionais e estrangeiros, e reúne com alguma frequência.

"Estratégias para maximizar o uso do tratamento biológico" e a discussão de cinco casos de doentes com a doença inflamatória do intestino são alguns dos assuntos que estarão em discussão sábado.

JAP.


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