Doentes com Esclerose Múltipla custam mais de 55 milhões de euros por ano ao Estado

O Serviço Nacional de Saúde gasta anualmente mais de 55 milhões de euros a tratar doentes com esclerose múltipla, revela um estudo realizado por vários médicos e hoje apresentado pela Sociedade que representa as pessoas afectadas pela doença.

Agência LUSA /

Em Portugal existem perto de cinco mil doentes com esclerose múltipla, uma doença crónica do sistema nervoso central que afecta sobretudo mulheres entre os 20 e os 40 anos.

De acordo com o estudo, realizado por um conjunto de investigadores portugueses sob a égide da Escola Nacional de Saúde Pública, os custos da esclerose múltipla variam de acordo com a gravidade da doença, avaliada por uma determinada escala (Expanded Disability Severity Scale [EDSS]).

Assim, um doente com uma incapacidade inferior a três (na referida escala) custa cerca 11,5 mil euros/ano, enquanto um doente com uma incapacidade superior a 6,5 necessita de tratamentos na ordem dos 23 mil euros/ano, adianta o estudo, referindo que o aumento de custos mais significativo dá-se quando o doente passa do nível 3,5 para 4,5.

Destes valores, a principal parcela cabe aos custos com os tratamentos com base nos interferões, a terapêutica que, segundo a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), melhores resultados garante na doença.

Ao preço dos tratamentos acrescem os custos de internamento e ambulatório, em função da gravidade da doença.

Segundo o estudo, as despesas de saúde durante o surto aumentam progressivamente à medida que a doença progride, estabilizando-se nos níveis mais graves da doença.

Os investigadores alertam para "o facto de as terapêuticas que contribuem para reduzir o impacto da doença, diminuindo ou evitando os surtos e a progressão da incapacidade, como é o caso dos interferões, poderem representar uma poupança significativa a médio e longo prazo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

Ainda de acordo com o estudo, o consumo de interferões em Portugal é idêntico ao da Suécia e os custos deste tratamento são semelhantes aos observados no Reino Unido e na Alemanha.

Segundo a SPEM, a esclerose múltipla afecta cerca de dois milhões de pessoas em todo o mundo.

AL.

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