Duas correntes é normal, juntá-las é que não, diz grão-mestre da Maçonaria Regular

Alberto Trovão do Rosário, grão-mestre da Maçonaria Regular desde 2003, considera saudável que haja dois movimentos maçónicos em Portugal e que seria "contra-natura" uma associação entre os dois.

Agência LUSA /

"Cada um deve manter a sua coerência", disse à Lusa à margem do congresso internacional que a Grande Loja Regular de Portugal (GLRP) organizou hoje em Lisboa, com a presença de representantes de 12 países.

A Maçonaria Regular e o Grande Oriente Lusitano (GOL), frisou, respeitam-se mutuamente e seguem por caminhos próprios, tendo cada uma o "seu próprio espaço".

Alberto Trovão do Rosário é o anfitrião de um congresso que hoje se realiza em Lisboa para discutir os conflitos de religiões, a globalização e o desenvolvimento sustentável.

A Maçonaria é um movimento espiritual milenar e chama-se Regular pela sua crença no "Grande Arquitecto do Universo" (Deus).

Começando por se centrar nos vários ofícios, nomeadamente a arquitectura, a Maçonaria procurou depois um aperfeiçoamento espiritual, tentado "através da via iniciática, com símbolos e rituais, elementos que facilitam essa passagem, como acontece nas religiões", explicou o Grão-Mestre.

Em 1877 a Maçonaria francesa "deixou de trabalhar com a Bíblia", afastando-se do "Grande Arquitecto do Universo", um movimento que alguns países seguiram, incluindo Portugal.

Há 15 anos, lembrou o responsável, foi restaurada a GLRL, que respeita o "Grande Arquitecto do Universo", usa a Bíblia, o Corão ou o Torá (Judeus) e procura o caminho para a transcendência.

As duas correntes, GLRL e GOL, coincidem no entanto na discrição sobre as suas acções, incluindo sobre quem são os seus membros.

"Não podemos esquecer a história de Portugal do século XX", afirmou Alberto Trovão do Rosário, lembrando que depois do grande protagonismo que teve durante a implantação da República a Maçonaria foi proibida pelo Estado Novo.

A discrição, diz, é resultante de "formas culturais", e durante muitos anos a Maçonaria tinha mesmo de ser discreta, até porque alguns dos que integravam o governo que proibia a Maçonaria pertenciam a esse movimento.

A incompreensão, concluiu o Grão-Mestre, levou a que Maçonaria se tornasse secreta, e é pela incompreensão que se mantém ainda hoje discreta.

Alberto Trovão do Rosário não admite é que a Maçonaria seja confundida com uma seita e não evita mesmo um gesto de contrariedade ao dizer: "isso não tem razões de ser".

Mas a própria discrição é relativa: "hoje estamos num congresso no Centro Cultural de Belém e uma televisão esteve a filmar a sala e os presentes".


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