Eduardo dos Santos inicia visita oficial a Portugal
O Presidente angolano José Eduardo dos Santos iniciou esta terça-feira uma visita de Estado a Portugal. A deslocação de dois dias vai ficar marcada pela assinatura, em São Bento, do protocolo com vista à criação de um banco de investimento luso-angolano detido em partes iguais pela Caixa Geral de Depósitos e pela petrolífera Sonangol.
Na Assembleia da República, o Presidente angolano participa numa reunião para a qual foram convidados representantes de todos os partidos com assento parlamentar, mas na qual estará ausente o Bloco de Esquerda, tendo a formação alegado divergências políticas.
De acordo com o programa previsto, a visita de Estado arranca com um encontro entre José Eduardo dos Santos e Aníbal Cavaco Silva.
Banco de investimento marca agenda
A visita do chefe de Estado angolano vai contudo ficar marcada pela assinatura do protocolo para a criação de um novo banco de investimento. O primeiro-ministro José Sócrates e o Presidente José Eduardo dos Santos apadrinham quarta-feira essa parceria entre a CGD e a Sonangol, com o acordo a ser assinado em São Bento pelos presidentes da Caixa e da Sonangol e pelos ministros das Finanças dos dois países.
Ainda sem nome, o novo banco vai arrancar com um capital de mil milhões de dólares e será detido em partes iguais pela CGD e pela Sonangol, tendo a sede prevista para Luanda, capital de Angola, e uma filial em Portugal. Faria de Oliveira, Presidente da CGD, está seguro de que "através dessa filial também se assegurará a presença de capital angolano nalguns projectos relevantes em Portugal ou basicamente a participação angolana nalgumas empresas portuguesas".
O memorando do acordo refere-se à nova instituição como "um banco universal, com especial enfoque na actividade da banca de investimentos", sendo que Caixa e Sonangol pretendem que a nova parceria luso-angolana crie "entidades de investimento que apoiarão e participarão em projectos de investimento do interesse do desenvolvimento da economia angolana".
"O objectivo é apoiar projectos viáveis, de implementação no curto prazo, promotores do desenvolvimento económico e social de Angola", refere o texto, devendo ser dada preferência a projectos empresariais angolanos, portugueses ou parcerias mistas.
"Será dada especial atenção à geração, transporte, distribuição de electricidade e telecomunicações, bem como projectos de relevante interesse social, designadamente estabelecimentos de ensino, hospitais, construção e gestão de infra-estruturas portuárias, aeroportuárias, rodoviárias, ferroviárias e de abastecimento de água, drenagem e tratamento de efluentes", adiantou ainda a parte angolana.
O presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, reforçou ontem esses interesse da instituição "na área das infra-estruturas, energia, comunicações, telecomunicações e projectos de natureza social na área hospitalar e na área da educação e também na componente industrial".
Considerando que se trata de uma parceria que abre novas oportunidades de negócio, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, já veio sublinhar que, havendo "grandes investimentos que as autoridades angolanas terão que levar a cabo, com a criação deste banco criam-se condições muito favoráveis para que um número significativo de empresas portuguesas tenham uma participação activa nesses investimentos".
Ainda no sentido de uma lógica de maior envolvimento e cooperação, Manuel Vicente, presidente da Sonangol, deixava ontem a ideia de que, "da mesma forma que os portugueses têm investimentos em Angola, é necessário que haja iniciativas empresariais angolanas que tenham investimentos em Portugal".
Programa do primeiro dia de visita
A visita de Eduardo dos Santos arrancou cerca das 11H00 com a chegada do chefe de Estado angolano e da mulher, Ana Paula dos Santos, à Praça do Império, aí recebidos pelo Presidente Cavaco Silva e a primeira-dama Maria Cavaco Silva.
Após as honras militares, o Presidente de Angola depôs uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões., seguindo-se o encontro com Cavaco Silva.
Cavaco Silva oferece um almoço no Palácio de Belém, após o qual José Eduardo dos Santos seguirá para a Assembleia da República, onde a meio da tarde se reunirá com o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e com representantes do partidos políticos com assento parlamentar, excepção feita ao BE.
O Presidente angolano visita depois a sede da CPLP e a jornada encerra com um banquete oferecido por Cavaco Silva no Palácio Nacional da Ajuda.