Em três dias, mais de 375 fogos atingiram oito distritos do Centro e Norte indica Relatório

por Lusa

Lisboa, 21 mar (Lusa) -- Mais de 375 incêndios deflagraram em três dias em oito distritos do Centro e do Norte do país, devastadores sobretudo na Guarda e em Viseu, indicou o relatório da comissão técnica independente que analisou os fogos de outubro.

Os distritos afetados foram Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Viseu e Viana do Castelo.

De acordo com o relatório, em cada distrito deflagraram centenas de ocorrências, mas são destacadas três dezenas como as mais significativas, tendo em conta critérios como as mortes, a dimensão do incêndio, a existência de população, zonas industriais e matas.

O relatório destaca que os meios disponíveis foram insuficientes para fazer face à escala dos incêndios e que o domínio de grande parte deles coincidiu com as primeiras chuvas, já na noite de dia 16 para dia 17.

Em Aveiro, enumera 64 ocorrências de incêndios florestais a 15 de outubro, sendo a principal a de Macieira de Cambra, em Vale de Cambra.

Outras ocorrências significativas referidas são as de Ventosa do Bairro, na Mealhada, Águas Boas/Oiã, em Oliveira do Bairro, e Santo André de Vagos, em Vagos, que afetou a zona industrial de Vagos.

Braga registou no dia 14 de outubro 23 incêndios florestais e no dia 15 mais 43 novos incêndios, dos quais são destacados seis grandes fogos: um em Santa Lucrécia de Algeriz (Braga), outro em Louredo (Póvoa de Lanhoso), dois em Cabeceiras de Basto, um outro em Vilar da Veiga (Terras de Bouro) e um em Anjos (Vieira do Minho).

O relatório aponta ainda um outro incêndio, reacendimento de um iniciado no dia 12 de outubro, "que teve grande impacto na interface urbano/florestal, com início em Leitões, Guimarães, que entrou rapidamente no concelho de Braga (zona da Falperra, Sameiro e Bom Jesus)".

O distrito de Castelo Branco registou três ocorrências de incêndios florestais no dia 14 de outubro e nove no dia 15.

A principal ocorrência verificou-se na freguesia de Figueiredo, concelho da Sertã, e percorreu também o concelho de Oleiros, entrando no distrito de Coimbra via Pampilhosa da Serra.

O distrito de Coimbra registou cinco incêndios florestais a 14 de outubro e 23 no dia 15, sendo a principal ocorrência a de Vilarinho (Lousã), "que concorre para que se constitua como o maior incêndio florestal registado em Portugal desde que há registos", ao percorrer vários concelhos do distrito de Coimbra e ao atingir vários concelhos do distrito de Viseu.

No entanto, o incêndio registado em 15 de outubro em Arganil, considerado como o reacendimento de um fogo ocorrido a 06 de outubro, é o "que acaba por ter grande impacto no concelho de Oliveira do Hospital provocando um significativo número de vítimas mortais", salientou a equipa técnica.

Uma outra ocorrência significativa foi a de Quiaios/Figueira da Foz, que atingiu três concelhos do distrito de Coimbra e os concelhos de Vagos e de Oliveira do Bairro (Aveiro).

O distrito da Guarda "foi um dos mais seriamente afetados" devido "à conjugação de vários fatores", como número de vítimas mortais, dimensão dos incêndios, danos em habitações e empresas afetadas.

Neste distrito foram registados no dia 14 seis incêndios e no dia 15 mais 20 incêndios, com destaque para os fogos de Sabugueiro, Sandomil e Casas de Figueira/Vide, no concelho de Seia, e o de Folgosinho, em Gouveia.

O distrito de Viseu foi o outro distrito mais afetado, quer em área ardida quer em número de vítimas mortais, embora os incêndios com origem no distrito não tenham sido os mais significativos, já que dois fogos com início no distrito de Coimbra - o da Lousã e o de Arganil - entraram em Viseu e percorreram "uma área imensa", atravessando vários concelhos.

Viseu registou 23 incêndios florestais no dia 14 de outubro, 52 no dia 15 e 27 no dia 16. O incêndio de Albitelhe-Campia (Vouzela) atravessou "os concelhos de Vouzela, Oliveira Frades e São Pedro Sul, e acaba por ser dos mais significativos, desde logo pelo número de vítimas mortais", mas também foram importantes as ocorrências de Resende, Cinfães, Castro Daire, Nelas, Santa Comba Dão, Mortágua, Tondela e Carregal do Sal.

O distrito de Leiria registou 25 incêndios florestais no dia 15 de outubro e a principal ocorrência foi a de Buronhosa/Pataias, no concelho de Alcobaça, tendo percorrido maioritariamente áreas pertencentes às matas nacionais, "onde se estima que mais de 80% do total daquelas matas tenham sido percorridas pelo fogo".

São ainda referidos o incêndio de Foz do Arelho/Caldas da Rainha e o de Olho Marinho/Óbidos.

Viana do Castelo registou 16 ocorrências de incêndios florestais no dia 14 de outubro e 37 no dia 15 de outubro.

A principal ocorrência é a verificada em Merufe/Monção, mas há ainda outros três grandes incêndios, ocorridos em São Paio (Melgaço), Ganfei (Valença) e Portela (Monção).

A comissão técnica independente que analisou os grandes incêndios rurais de 2017 entregou na terça-feira no parlamento o relatório dos fogos de outubro, envolvendo oito distritos das regiões Centro e Norte.

O documento, que atualiza para 48 o número de mortos nesse mês, conclui que falhou a capacidade de "previsão e programação" para "minimizar a extensão" do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.

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