Empresa de Manuel Godinho arrebata sucata do Exército por 94 mil euros
A empresa de Manuel Godinho, principal detido do processo Face Oculta, ganhou mais um concurso público esta semana. Desta vez a empresa ‘O2' fechou negócio com o Exército, comprando seis lotes de material de sucata por 94 mil euros, um negócio que o próprio Exército classifica de completamente transparente.
No concurso participaram 14 empresas, que submeteram propostas de compra em envelope fechado.
O resultado foi conhecido na última quinta-feira: dos lotes que se encontravam para venda, a O2 ganhou seis, tendo pago cerca de 94 mil euros. Os restantes oito lotes foram vendidos a seis outras empresas. No total, o concurso rendeu aos militares mais de 188 mil euros. O Exército garante que foram cumpridas todas as exigências legais.
Exército garante processo com toda a normalidade
De acordo com declarações de um porta-voz do Exército, a compra de sucata foi "transparente e cumpriram-se todas as normas".
"O concurso público nacional para compra de material de sucata do Exército que envolveu um total de 14 empresas, dos quais a empresa O2 - Tratamento de Limpezas Ambientais ganhou seis lotes, foi totalmente transparente e cumpriu todas as normas e procedimentos definidos na lei", afirmou o tenente Coronel Perdigão.
"O concurso público foi feito a 24 de Setembro, houve 14 empresas concorrentes, foram entregues propostas em carta fechada e na quinta-feira passada estas foram abertas na presença dos concorrentes. Ninguém reclamou e não pediu as actas, mas o Exército vai enviá-las esta semana para todos os concorrentes", acrescentou o porta-voz, sublinhando que "o Exército negoceia com empresas e não com pessoas".
Proprietário da O2 em prisão preventiva
Manuel Godinho, proprietário da O2, está preso preventivamente desde 30 de Outubro no âmbito do processo Face Oculta.
O empresário está indiciado pela presumível prática de 37 crimes.
A 28 de Outubro, a PJ desencadeou a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais.
Foram então efectuadas 30 buscas domiciliárias e a postos de trabalho e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP, que suspendeu funções, José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.