Ensino superior. Concurso de acesso arranca com número de vagas estável

por Cristina Sambado - RTP
As instituições fora de Lisboa e Porto aumentam em 48 lugares a oferta em 2019 Pedro Nunes - Reuters

A primeira fase de acesso de candidaturas ao ensino superior arranca esta quarta-feira e termina a 6 de agosto. O número de vagas no concurso nacional de acesso é praticamente igual ao de 2018, quando foram a concurso 50.852 vagas. No total, contabilizando também os concursos locais de acesso, os lugares disponíveis são 51.568.

Os candidatos têm 1.087 cursos à disposição nas universidades e politécnicos públicos. A expetativa do Ministério da Ciência, tecnologia e Ensino Superior (MCTES) é que o número de candidatos seja semelhante ao de 2018.

Há apenas um aumento de oito vagas disponíveis. As universidades com menor procura viram aumentar o número de vagas e há uma redução nas grandes cidades.


“Face aos resultados dos exames nacionais já realizados é expetável que o número de candidatos às vagas colocadas a concurso seja também semelhante face ao ano anterior”, lê-se numa nota do MCTES enviada às redações.

As vagas encontram-se distribuídas por diversos cursos nas diferentes instituições de ensino superior, o que se traduz num conjunto de 1.087 pares de instituição/ciclo de estudos.

Segundo a nota, “da distribuição de vagas evidencia que o número total de vagas se manteve estável face ao ano anterior (quando considerada a totalidade das instituições) decorrente do aumento de vagas nas instituições em regiões com menor procura e menor pressão demográfica ter compensado a redução de vagas em Lisboa e Porto (foram reduzidas 40 vagas em instituições de ensino superior de Lisboa e Porto, tendo-se verificado uma redução de 52 vagas em Lisboa e um aumento de 12 vagas no Porto)”.Com base nos resultados das opções políticas das medidas assumidas em anos anteriores, bem como nas recomendações formuladas pelo grupo de trabalho constituído especificamente para o efeito, o Governo considerou que as medidas de redistribuição de vagas no ensino superior público deveriam ser aprofundadas mas ponderando critérios adicionais para além da localização geográfica da instituição.

O MCTES realça que “a fixação de vagas no presente ano letivo resultou de um intenso processo de debate tendo em vista a análise sobre o impacto das medidas de afetação de vagas bem como a identificação de melhorias a introduzir nas opções adotadas nos anos anteriores”.

Os cursos em que a procura em primeira opção por alunos com uma média de candidatura mais alta do que 17 valores em 2018 foi superior ao total de vagas que abriram estão obrigados a aumentar o número de vagas entre 5 por cento a 15 por cento para o ano letivo de 2019-2020, segundo uma decisão do MCTES, que deixou de fora os cursos de Medicina, que mantêm o numerus clausus do ano passado.

A medida não significa mais vagas em todas as universidades e politécnicos, uma vez que as instituições têm de cortar 5 por cento onde não houve nenhum candidato com média de 17 valores.
No ano passado, em que Lisboa e Porto sofreram um corte de 1.100 vagas para privilegiar a escolha de cursos em universidades e politécnicos do interior do país, o concurso nacional de acesso atraiu menos de 50 mil candidatos para as mais de 50 mil vagas.
As instituições do litoral do país, com exceção de exceto Lisboa e Porto, estão impedidas de aumentar o número total de vagas, o que poderá significar reajustes: ao aumentar num curso muito procurado, têm de cortar noutro com pouca procura.

Já nas instituições de menor pressão demográfica ou menor procura, situadas maioritariamente no interior do país, é dada a possibilidade de aumentar vagas em cursos considerados estratégicos para a especialização da instituição, num máximo de três cursos por instituição.

Em todas as regiões é recomendado o reforço da oferta em áreas que a tutela considera essenciais ao país na formação: competências digitais e ciências de dados.
Cursos procurados pelos melhores alunos com mais vagas
As alterações às regras que obrigam a aumentar o número de vagas nos cursos superiores mais procurados pelos melhores alunos levaram ao aumento de 107 vagas em 11 cursos das universidades de Lisboa e do Porto.

“Cinco cursos da Universidade de Lisboa e seis cursos da Universidade do Porto foram obrigados pelas novas regras a um aumento de 107 vagas para o próximo ano, quase todos na área da engenharia”, segundo os dados do MCTES.

Este ano, as instituições públicas foram forçadas a rever a fixação de vagas nos cursos incluindo novos critérios definidos no despacho anual da tutela para esse efeito, sendo um dos critérios a excelência dos candidatos.
Sempre que os cursos tenham uma procura superior ao total de vagas abertas por candidatos com notas iguais ou superiores a 17 valores são obrigados a aumentar o número de vagas entre 5 por cento e 15 por cento.


Entre os 11 cursos que o fizeram, foi o de Engenharia Informática e Computação, na Universidade do Porto, que mais lugares abriu: 18 novas vagas, aumentando de 117 em 2018 para as 135 em 2019.

Gestão, na mesma universidade, também vai disponibilizar 17 novas vagas, passando das 115 para as 132.

Em Lisboa, Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, foi o curso que mais lugares ganhou, abrindo no próximo ano letivo 92 vagas, mais 12 do que em 2018.

As novas regras implementadas para este ano obrigavam também a uma redução de vagas nos cursos que não tivessem qualquer candidato com uma nota de pelo menos 17 valores, o que levou a um reajuste de vagas que se traduziu em totais muito semelhantes ao ano anterior.As instituições fora de Lisboa e Porto aumentam em 48 lugares a oferta em 2019.

As instituições de Lisboa e Porto, que em 2018 foram sujeitas a um corte de 1.100 vagas em benefício das instituições do interior, perderam este ano, no conjunto, 40 vagas, de acordo com dados oficiais do MCTES, um total que resulta das 52 vagas eliminadas nas instituições de Lisboa e nas 12 ganhas pelas do Porto.

O Instituto Politécnico de Lisboa é a instituição que mais vagas perde, num total de 55, as mesmas que a Universidade do Porto abre a mais no próximo ano letivo. Mas nas duas maiores cidades do país é o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa que regista o maior aumento de vagas em 2019, com 62 novos lugares.
Ajudar os estudantes a escolher o curso

O portal Infocursos, da responsabilidade da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, apresenta estatísticas que podem ajudar os estudantes a escolher um curso.

O portal apresenta informações que permitem saber quantos alunos tinham mudado de curso um ano depois de terem ingressado e quantos continuavam à procura de emprego um ano após terem terminado os estudos.

Através do endereço também se consegue saber quantos são os estudantes estrangeiros matriculados em licenciaturas e mestrados do sistema público e privado, conhecer a distribuição de alunos por idade, género e nacionalidade e sobre a distribuição das classificações finais dos diplomados.

Há também tabelas sobre o número de estudantes de licenciatura e mestrado que saíram do ensino superior público um ano após começarem o curso, que no geral tem vindo a descer desde 2015.

"Tal como nos anos anteriores, a candidatura é apresentada através do sistema online, no site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) Para acesso ao sistema de candidatura, os candidatos podem utilizar a autenticação com o cartão de cidadão", esclarece o MCTES.

c/ Lusa
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