Está reposto o abastecimento energético em Portugal. Segundo a E-Redes, que gere a distribuição da energia elétrica em Portugal, na terça-feira o fornecimento de energia foi reativado na integra em todo o país. Persiste, todavia, o impacto da quebra de eletricidade no Aeroporto Humberto Delgado, onde tem tardado a entrega de bagagens a passageiros.
Os transportes públicos estão a funcionar e as escolas e hospitais retomaram a atividade normal.
No Aeroporto de Lisboa, ainda há constrangimentos. Os atrasos nos voos já estão quase resolvidos. No entanto, há uma situação que ainda está por resolver: a entrega das bagagens aos passageiros que chegaram à capital, mas que ainda não têm as malas.
Existe um balcão de atendimento, que ao início da manhã estava fechado, e vários passageiros aguardavam a entrega das bagagens, como constatou a RTP no local. Alguns dos passageiros têm voos de ligação e outros estão em Lisboa para partirem em navios de cruzeiro.
A Cruz Vermelha montou no Aeroporto Humberto Delgado uma estrutura de apoio para abrigo temporário aos passageiros.
Esclarecimentos o quanto antes
Na terça-feira, em entrevista à RTP, o administrador da REN admitiu que é necessário saber o que levou ao apagão geral e que Portugal não estava preparado para um incidente como este. João Faria Conceição não descartou a possibilidade, referida pelas autoridades espanholas, de um ciberataque.
Considerando o "carácter muitíssimo extraordinário deste evento", é necessário ter esclarecimentos. Principalmente, sublinhou o administrador da REN, para avaliar o que "é preciso fazer para o futuro". "É prudente para termos a certeza que (...) não estamos a apresentar uma teoria que seja completamente factual".
Quanto à possibilidade de ter sido um ciberataque a causar o apagão, João Faria Conceição confirmou que é uma hipótese que as autoridades espanholas ainda não descartaram, embora reconheçam que há um "conjunto de teorias".
"Em teoria, hipoteticamente, tudo é possível", admitiu o responsável da REN. "Se esse for o caso, acho que devemos deixar aos especialistas da matéria essa análise".
O operador da rede de distribuição de eletricidade garantiu que as situações que ainda se verificam não estão relacionadas com o apagão.
As reações políticas
O Governo anunciou medidas para entender o que esteve na origem do apagão e avaliar a resposta dada. O primeiro-ministro revelou que vai pedir uma auditoria independente para saber as causas do apagão e criar uma comissão técnica para avaliar a resiliência de serviços essenciais. No entanto, Luís Montenegro considera que houve coisas que poderiam ter funcionado melhor na resposta ao apagão.
Ainda assim, desvaloriza o facto da Proteção Civil só ter enviado uma mensagem à população ao final da noite de segunda-feira.
O secretário-geral do PS acusa o executivo de Luís Montenegro de ter "falhado" na gestão da falha de energia de segunda-feira. Na terça-feira, Pedro Nuno Santos afirmou que, "houve um apagão no Governo central". Para o secretário-geral do PS, o Executivo falhou "na comunicação e falhou sobretudo no seu dever de proteger e informar os cidadãos" no momento "em que a confiança nas instituições é mais necessária do que nunca".
Segundo Pedro Nuno Santos, o país esteve "bastante tempo com notícias falsas e alarmantes a circular" e com falta de informação por parte das autoridades.
Os partidos de esquerda defendem que a soberania energética do país deve ser recuperada.
O BE frisa que a nacionalização da REN é agora “mais importante do que nunca”. Para o PCP, não há nada que justifique o apagão. Paulo Raimundo criticou o facto da proteção civil estar “dependente de estruturas e de empresas que voltaram a falhar, no momento em que não podem falhar”.
Já o Livre frisa que a “atuação do Governo não foi a ideal” e que o Executivo “ficou aquém” no teste da realidade e defende uma comissão para planos de contingência.
O PAN defende que é necessário “fazer da soberania energética uma prioridade para o país”.
À direita, a Iniciativa liberal acusa o Governo de ter falhado na comunicação e o Chega pede que seja feita uma auditoria independente. André Ventura fala em falta de comunicação com a população e avança que o Chega vai pedir ao Governo uma auditoria, feita por uma entidade independente, para esclarecer as causas do apagão.
Já a líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, considera que o "Governo devia ter falado de forma mais regular para tranquilizar a população, que foi recebendo informações falsas".Área da Saúde com lições a tirar
A ministra da Saúde garantiu que ninguém ficou por socorrer durante o apagão. No entanto, Ana Paula Martins admite que há lições a tirar, como o reforço da autonomia energética dos hospitais. “Depois desta situação inédita e inesperada, temos uma série de áreas que vão ser agora o nosso foco de atenção nas próximas semanas”, disse na terça-feira, a ministra da Saúde no final de uma visita ao Hospital Garcia de Orta, em Almada.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) também foi afetado pelo apagão, mesmo depois de ter ativado o plano de contingência.
O INEM não terá conseguido contactar alguns meios, nem por telemóvel, nem através do SIRESP.
Estas dificuldades atrasaram a ativação de meios em mais de uma centena de chamadas, e terão existido outras 400 ligações telefónicas que não foram atendidas. Já os profissionais de emergência médica garantem que houve pelo menos cerca de 100 chamadas sem atendimento ou sem retorno em tempo útil.
Indemnizações em Espanha podem chegar a 300 milhões
O apagão de segunda-feira não afetou apenas Portugal, Espanha também esteve várias horas sem abastecimento de energia elétrica. As causas desta situação continuam sem ter explicação por parte das autoridades ibéricas.
Em Espanha, todo o sistema elétrico foi reativado ao final da manhã de terça-feira. A circulação ferroviária foi a que tardou mais em ser reposta com muitos atrasos e viagens canceladas. O chefe do Governo espanhol não descarta, para já, a hipótese de um ciberataque. Pedro Sánchez anunciou a criação de uma comissão de investigação. De acordo com uma estimativa feita pela agência noticiosa espanhola EFE, mais de 60 milhões de pessoas foram afetadas pelo apagão que deixou grande parte da Península Ibérica sem acesso à eletricidade.
A Comissão Europeia afirmou na terça-feira que o apagão, que deixou a Península Ibérica às escuras, foi o incidente “mais severo” dos últimos 20 anos na Europa.
“A situação energética em Espanha e em Portugal regressou à normalidade. O incidente é o mais severo em quase duas décadas na Europa”, escreveu o comissário europeu para a Energia e Habitação, Dan Jørgensen, nas redes sociais na terça-feira.
O comissário prometeu que o executivo comunitário vai apoiar os dois países “de todas as maneiras possíveis” e uma “investigação minuciosa” será iniciada para apurar as causas.
Um "gracias" e um "obrigado a todos" foram as palavras que a presidente da Comissão Europeia usou para elogiar os cidadãos de Portugal e Espanha. Ursula von der Leyen deixou ainda um agradecimento às forças de segurança e às autoridades nacionais ibéricas.
Fontes europeias confirmaram que Bruxelas vai produzir um relatório independente, que deverá ser apresentado em seis meses e que incluirá recomendações sobre como evitar um incidente semelhante ou melhorar a resposta.
As perdas relacionadas com interrupções de negócios após o apagão podem levar a grandes indemnizações das seguradoras, que podem chegar a 300 milhões de euros em Espanha e uma fração disso em Portugal, calcula a DBRS.
Numa nota, a DBRS sinaliza que a falha de energia que afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha pode gerar um aumento nas reivindicações relacionadas com seguros residenciais, comerciais, de viagem e de interrupção de negócios.
"Embora seja difícil fornecer uma estimativa das perdas seguradas na situação atual, a nossa expectativa inicial é que as perdas seguradas variem entre 100 e 300 milhões de euros em Espanha e uma fração disso em Portugal", aponta a agência de notação financeira, destacando que "as perdas económicas totais serão várias vezes maiores que essas estimativas".
Apesar de admitir que as seguradoras provavelmente vão considerar as perdas financeiras derivadas deste evento geríveis, "as seguradoras espanholas e portuguesas provavelmente receberão um volume excecional de sinistros após o apagão, o que poderá colocar as suas capacidades operacionais sob pressão".Apagão de 2003 deixou 56 milhões sem luz em Itália
O incidente deste tipo mais grave até hoje ocorreu em 28 de setembro de 2003 e na altura quase 56 milhões de pessoas em Itália ficarem sem acesso a eletricidade. O cenário foi semelhante ao presenciado pelas populações portuguesa, espanhola e andorrenha na segunda-feira.
Três anos depois, a 5 de novembro de 2006, cerca de 15 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade nas zonas sul e central da Europa.
No Aeroporto de Lisboa, ainda há constrangimentos. Os atrasos nos voos já estão quase resolvidos. No entanto, há uma situação que ainda está por resolver: a entrega das bagagens aos passageiros que chegaram à capital, mas que ainda não têm as malas.
Existe um balcão de atendimento, que ao início da manhã estava fechado, e vários passageiros aguardavam a entrega das bagagens, como constatou a RTP no local. Alguns dos passageiros têm voos de ligação e outros estão em Lisboa para partirem em navios de cruzeiro.
A Cruz Vermelha montou no Aeroporto Humberto Delgado uma estrutura de apoio para abrigo temporário aos passageiros.
Esclarecimentos o quanto antes
Na terça-feira, em entrevista à RTP, o administrador da REN admitiu que é necessário saber o que levou ao apagão geral e que Portugal não estava preparado para um incidente como este. João Faria Conceição não descartou a possibilidade, referida pelas autoridades espanholas, de um ciberataque.
Considerando o "carácter muitíssimo extraordinário deste evento", é necessário ter esclarecimentos. Principalmente, sublinhou o administrador da REN, para avaliar o que "é preciso fazer para o futuro". "É prudente para termos a certeza que (...) não estamos a apresentar uma teoria que seja completamente factual".
Quanto à possibilidade de ter sido um ciberataque a causar o apagão, João Faria Conceição confirmou que é uma hipótese que as autoridades espanholas ainda não descartaram, embora reconheçam que há um "conjunto de teorias".
"Em teoria, hipoteticamente, tudo é possível", admitiu o responsável da REN. "Se esse for o caso, acho que devemos deixar aos especialistas da matéria essa análise".
O operador da rede de distribuição de eletricidade garantiu que as situações que ainda se verificam não estão relacionadas com o apagão.
As reações políticas
O Governo anunciou medidas para entender o que esteve na origem do apagão e avaliar a resposta dada. O primeiro-ministro revelou que vai pedir uma auditoria independente para saber as causas do apagão e criar uma comissão técnica para avaliar a resiliência de serviços essenciais. No entanto, Luís Montenegro considera que houve coisas que poderiam ter funcionado melhor na resposta ao apagão.
Ainda assim, desvaloriza o facto da Proteção Civil só ter enviado uma mensagem à população ao final da noite de segunda-feira.
O secretário-geral do PS acusa o executivo de Luís Montenegro de ter "falhado" na gestão da falha de energia de segunda-feira. Na terça-feira, Pedro Nuno Santos afirmou que, "houve um apagão no Governo central". Para o secretário-geral do PS, o Executivo falhou "na comunicação e falhou sobretudo no seu dever de proteger e informar os cidadãos" no momento "em que a confiança nas instituições é mais necessária do que nunca".
Segundo Pedro Nuno Santos, o país esteve "bastante tempo com notícias falsas e alarmantes a circular" e com falta de informação por parte das autoridades.
Os partidos de esquerda defendem que a soberania energética do país deve ser recuperada.
O BE frisa que a nacionalização da REN é agora “mais importante do que nunca”. Para o PCP, não há nada que justifique o apagão. Paulo Raimundo criticou o facto da proteção civil estar “dependente de estruturas e de empresas que voltaram a falhar, no momento em que não podem falhar”.
Já o Livre frisa que a “atuação do Governo não foi a ideal” e que o Executivo “ficou aquém” no teste da realidade e defende uma comissão para planos de contingência.
O PAN defende que é necessário “fazer da soberania energética uma prioridade para o país”.
À direita, a Iniciativa liberal acusa o Governo de ter falhado na comunicação e o Chega pede que seja feita uma auditoria independente. André Ventura fala em falta de comunicação com a população e avança que o Chega vai pedir ao Governo uma auditoria, feita por uma entidade independente, para esclarecer as causas do apagão.
Já a líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, considera que o "Governo devia ter falado de forma mais regular para tranquilizar a população, que foi recebendo informações falsas".Área da Saúde com lições a tirar
A ministra da Saúde garantiu que ninguém ficou por socorrer durante o apagão. No entanto, Ana Paula Martins admite que há lições a tirar, como o reforço da autonomia energética dos hospitais. “Depois desta situação inédita e inesperada, temos uma série de áreas que vão ser agora o nosso foco de atenção nas próximas semanas”, disse na terça-feira, a ministra da Saúde no final de uma visita ao Hospital Garcia de Orta, em Almada.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) também foi afetado pelo apagão, mesmo depois de ter ativado o plano de contingência.
O INEM não terá conseguido contactar alguns meios, nem por telemóvel, nem através do SIRESP.
Estas dificuldades atrasaram a ativação de meios em mais de uma centena de chamadas, e terão existido outras 400 ligações telefónicas que não foram atendidas. Já os profissionais de emergência médica garantem que houve pelo menos cerca de 100 chamadas sem atendimento ou sem retorno em tempo útil.
Indemnizações em Espanha podem chegar a 300 milhões
O apagão de segunda-feira não afetou apenas Portugal, Espanha também esteve várias horas sem abastecimento de energia elétrica. As causas desta situação continuam sem ter explicação por parte das autoridades ibéricas.
Em Espanha, todo o sistema elétrico foi reativado ao final da manhã de terça-feira. A circulação ferroviária foi a que tardou mais em ser reposta com muitos atrasos e viagens canceladas. O chefe do Governo espanhol não descarta, para já, a hipótese de um ciberataque. Pedro Sánchez anunciou a criação de uma comissão de investigação. De acordo com uma estimativa feita pela agência noticiosa espanhola EFE, mais de 60 milhões de pessoas foram afetadas pelo apagão que deixou grande parte da Península Ibérica sem acesso à eletricidade.
A Comissão Europeia afirmou na terça-feira que o apagão, que deixou a Península Ibérica às escuras, foi o incidente “mais severo” dos últimos 20 anos na Europa.
“A situação energética em Espanha e em Portugal regressou à normalidade. O incidente é o mais severo em quase duas décadas na Europa”, escreveu o comissário europeu para a Energia e Habitação, Dan Jørgensen, nas redes sociais na terça-feira.
O comissário prometeu que o executivo comunitário vai apoiar os dois países “de todas as maneiras possíveis” e uma “investigação minuciosa” será iniciada para apurar as causas.
Um "gracias" e um "obrigado a todos" foram as palavras que a presidente da Comissão Europeia usou para elogiar os cidadãos de Portugal e Espanha. Ursula von der Leyen deixou ainda um agradecimento às forças de segurança e às autoridades nacionais ibéricas.
Fontes europeias confirmaram que Bruxelas vai produzir um relatório independente, que deverá ser apresentado em seis meses e que incluirá recomendações sobre como evitar um incidente semelhante ou melhorar a resposta.
As perdas relacionadas com interrupções de negócios após o apagão podem levar a grandes indemnizações das seguradoras, que podem chegar a 300 milhões de euros em Espanha e uma fração disso em Portugal, calcula a DBRS.
Numa nota, a DBRS sinaliza que a falha de energia que afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha pode gerar um aumento nas reivindicações relacionadas com seguros residenciais, comerciais, de viagem e de interrupção de negócios.
"Embora seja difícil fornecer uma estimativa das perdas seguradas na situação atual, a nossa expectativa inicial é que as perdas seguradas variem entre 100 e 300 milhões de euros em Espanha e uma fração disso em Portugal", aponta a agência de notação financeira, destacando que "as perdas económicas totais serão várias vezes maiores que essas estimativas".
Apesar de admitir que as seguradoras provavelmente vão considerar as perdas financeiras derivadas deste evento geríveis, "as seguradoras espanholas e portuguesas provavelmente receberão um volume excecional de sinistros após o apagão, o que poderá colocar as suas capacidades operacionais sob pressão".Apagão de 2003 deixou 56 milhões sem luz em Itália
O incidente deste tipo mais grave até hoje ocorreu em 28 de setembro de 2003 e na altura quase 56 milhões de pessoas em Itália ficarem sem acesso a eletricidade. O cenário foi semelhante ao presenciado pelas populações portuguesa, espanhola e andorrenha na segunda-feira.
Três anos depois, a 5 de novembro de 2006, cerca de 15 milhões de pessoas ficaram sem eletricidade nas zonas sul e central da Europa.
O apagão afetou as populações de vários países (Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica, Áustria e Croácia) e teve uma duração que oscilou entre 30 minutos e algumas horas.
c/ agências