Escassez de água em destaque na feira do regadio em Ferreira do Alentejo

por Agência LUSA

A oitava Feira Nacional da Água e do Regadio, que decorre a partir de quinta-feira em Ferreira do Alentejo, vai centrar atenções no abastecimento público e na problemática da escassez de água na região e no país.

O tema vai ser abordado durante um colóquio, a partir das 14:00, no auditório do Centro Cultural Manuel da Fonseca, no primeiro dia da feira, que decorre até domingo, nas ruas da vila.

O abastecimento de água e a sua distribuição na região, a qualidade desse recurso, a Directiva-Quadro da Água, as perdas físicas e económicas nos sistemas de abastecimento público e os planos de contingência mundial são os assuntos em destaque no debate.

As intervenções, segundo a Associação de Desenvolvimento Terras do Regadio (ADTR), promotora da feira em parceria com o município, vão estar a cargo de representantes de diversos organismos, nomeadamente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, que organiza o colóquio.

Em declarações à Agência Lusa, Ricardo Silva, presidente da ADTR, justificou que a escassez de água é um tema pertinente, tendo em conta a "difícil situação" no País, decorrente da seca que assola grande parte do território nacional.

"A água é uma componente sempre em destaque nesta feira e, este ano, devido à seca, quisemos abordar a escassez deste recurso, promovendo o debate e sensibilizando as pessoas para a necessidade de poupá-lo", frisou.

Apesar de Ferreira do Alentejo ser um concelho "onde o abastecimento público não está a ser muito afectado pela seca", Ricardo Silva considerou que se devem começar a tirar lições para o futuro.

"O nosso abastecimento é feito, sobretudo, a partir de águas subterrâneas e, mais tarde ou mais cedo, os lençóis de água que abastecem esses furos vão secar ou a qualidade vai diminuir, pelo que temos de começar a pensar em encontrar as soluções para recorrer a águas superficiais", argumentou.

Além da água, a Feira Nacional que se realiza em Ferreira do Alentejo, onde a agricultura de regadio tem uma forte expressão, integra dois outros colóquios, um deles sobre a "Reforma da PAC e os Novos Desafios para a Agricultura", sexta-feira (15:30).

O ex-ministro da Agricultura Armando Sevinate Pinto, António Covas, docente da Universidade do Algarve, e Francisco Avillez, docente do Instituto Superior de Agronomia, são os oradores convidados, sendo o debate moderado por José Regato, responsável pela Escola Superior Agrária de Beja.

"Agricultura Biológica" é o tema do terceiro colóquio, sábado à tarde, para divulgar as potencialidades desse tipo de agricultura, já praticado no concelho de Ferreira do Alentejo, mas que, segundo Ricardo Silva, "deve constituir uma aposta maior".

Com mais de uma centena de expositores, a feira pretende também mostrar as potencialidades de Ferreira do Alentejo, onde já funcionam três blocos de rega do empreendimento de Alqueva, para a agricultura de regadio.

Além disso, frisou Ricardo Silva, o certame tem servido para "fomentar negócios entre agricultores e empresas" ligadas ao sector.

"Na sede do concelho, está em fase de conclusão um parque de empresas e a venda dos 37 lotes começou no início de Maio, restando apenas dois", adiantou, garantindo que muitos destes empresários estão ligados ao sector da água e do regadio.

Um exemplo que, segundo o responsável da ADTR, prova que "o Alentejo pode captar investimentos, desde que sejam criadas as condições para os empresários se fixarem e mostradas as potencialidades locais".

Espectáculos musicais, com os The Gift e Roberto Leal, desfile de moda e o lançamento do vinho "Capela do Calvário", da Herdade do Pinheiro, são outros pontos do programa do certame.

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