Escuteiros podem fazer a diferença em tempo de isolamento

São treinados para sobreviver em situações imprevistas e este período de confinamento serve um pouco como teste. Habituámo-nos a vê-los muitas vezes, aos fins-de-semana, junto a igrejas, mas os escuteiros podem ser nesta altura os braços e as pernas dos que mais precisam.

Ivo Faria é o chefe do Corpo Nacional de Escutas (CNE) e explicou a RTP que há várias dezenas de voluntários em prontidão para ajudar os vizinhos, instituições, paróquias e até mesmo o Ministério da Educação, caso seja necessário.

"Esta é uma altura particularmente desafiante, porque somos obrigados a viver o confinamento, como todos os cidadãos portugueses", refere O chefe do CNE. "Mas isso não nos prejudica, nem nos impede de continuarmos a fazer o escutismo, cada um nas suas casas, mas também a pensar o que podemos fazer uns pelos outros"
Um apoio intrínseco que está já firmado entre o CNE e algumas instituições, de forma a criar uma rede de entreajuda.

Ivo Faria refere que não só a ajuda é importante mas também criar as condições de segurança, "as possíveis", para os voluntários que podem interagir com instituições: juntas de Freguesia, municípios ou instituições de utilidade pública.

Um trabalho que não é só nacional e que conta com a vasta comunidade de escuteiros pelo globo, via eletrónica, trocando ideias e soluções para combater a pandemia e minimizar o isolamento.

Um "Corpo Internacional" e em rede
Habituado a conviver em meio natural, o Corpo Nacional de Escutas tem como um dos lemas estar "sempre alerta". Em situações como esta, este lema está mais presente do que nunca.

Os mais jovens, mais frágeis, são acompanhados pelos mais crescidos e estes aconselham e demonstram como é possível sobreviver, mesmo em casa.

Além disso, existe toda uma plataforma na internet que ajuda a conviver e a partilhar experiências por escuteiros a nível nacional e mundial.
Uma Páscoa diferente
O Corpo Nacional de Escutas está ligado à doutrina do catolicismo. Com o aproximar da época pascal e com forte intervenção desta comunidade, as ações que são sempre promovidas por este período religioso estão agora comprometidas.

O chefe do CNE explica à RTP que são muitas as interrogações dos mais novos sobre "como é que agora vamos viver esta Páscoa". Mas para Ivo Faria estar mais perto dos outros não tem obrigatoriamente de ser de forma física, sendo cada vez mais importantes as ligações onde o afeto é o mais valorizado.

Apesar de este ano não ser possível a habitual peregrinação pascal, muitas vezes entrando nas casas das pessoas, Ivo Faria diz que "de certeza" que irão encontrar outras dinâmicas, que ajudarão os escuteiros a ganhar consciência do tempo que vivemos.
Viver com alegria como fazem os "lobitos"
Como na natureza, os mais novos são aqueles que mais energia espalham e mais procuram explorar. No entanto, esta energia, neste contexto de confinamento, teve de ser de alguma maneira travada, deixando-os com muitas dúvidas e poucas soluções.

Contudo, "os lobitos", a classe dos escuteiros mais nova, já aprenderam como lidar com esta nova adversidade.

"Uma das máximas dos lobitos (…) é que sejamos capazes de viver estes dias com alegria e contagiar os outros [adultos e crianças] com esta alegria e energia", refere o Chefe dos CNE. E encontraram nas tecnologias a forma ideal de o fazerem, mesmo separados, todos juntos.
O Corpo Nacional de Escutas, neste momento de reclusão e prevenção, lança um repto a todos: "És escuteiro. E o teu dever começa em casa. Onde o escutismo começa".
Mantenham-se "sempre alerta" e em segurança.