Espaços verdes hortícolas florescem nas "cidades de cimento" de Lisboa e Sintra

por Lusa

Espaços verdes hortícolas estão cada vez mais vigentes na vida urbana, contribuindo de várias formas para melhorar a vida dos residentes de muitas freguesias de Sintra e Lisboa interessados em "quebrar as cidades de cimento".

Para responderem ao interesse manifestado pelos cidadãos, as câmaras municipais daquelas cidades desenvolveram projetos para a criação e atribuição de hortas na cidade.

No município de Sintra foi aprovado o Programa Municipal de Hortas Solidárias, que visa permitir aos habitantes "valorizar a solidariedade e, de algum modo, valorizar os recursos naturais", disse à Lusa o responsável pelo pelouro Solidariedade e Inovação Social, Eduardo Quinta Nova.

O programa pretende também "combater a exclusão social" e "diminuir a pobreza", acrescentou.

"Nesta primeira fase aquilo que pretendemos disponibilizar são cerca de 450 talhões, com cerca de 50 metros quadrados cada", nas zonas de Massamá, Monte Abraão, Cacém, Queluz, Rio de Mouro e em Algueirão Mem-Martins, anunciou o vereador.

Na quarta-feira, a autarquia abriu concurso para a atribuição de 66 talhões no Cacém e 91 em Monte Abraão.

Para promover uma cultura e, consequentemente, uma alimentação mais saudável, a Câmara de Sintra impõe uma condição aos horticultores: "é que, quando selecionados, frequentem um curso de agricultora biológica", afirmou Eduardo Quinta Nova.

Em Lisboa, foi criado em 2008, "sem nada", o Grupo de Trabalho para a Promoção de Agricultura Urbana, que pretende "olhar para a cidade de Lisboa, para o território de Lisboa, e ver quais os terrenos com maior apetência para a prática da agricultura", explicou a coordenadora à Lusa.

Atualmente, a capital conta com 16 parques hortícolas e, até final do ano, vai ter 20 parques hortícolas, afirmou Rita Folgosa, frisando que se "está a falar de "áreas grandes".

Nesse sentido, destacou o seu "menino", o Vale de Chelas, que tem 220 talhões, de 150 metros quadrados cada.

"Há um pedido da população. Às vezes pode parecer ridículo, podemos pensar `cinco hortas, mais vale não ter`, mas as cinco que estão satisfazem os habitantes da zona", afirmou.

A Câmara de Lisboa fez entretanto um protocolo com o Instituto Superior de Agronomia e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para "desenvolver um estudo sobre a contaminação do solo e da água subterrânea pelos metais pesados" que, segundo a coordenadora do projeto, obteve "excelentes resultados".

O estudo concluiu que "apesar das concentrações dos diversos elementos analisados em solos e águas terem excedido os valores recomendados nalguns locais, (...) a qualidade dos produtos hortícolas raramente apresentou contaminação", lê-se no documento disponível na página da internet do LNEC.

Existem outros programas que promovem a criação de hortas urbanas, como é o caso da Ecofreguesias XXI, uma iniciativa da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) a nível nacional, que pretende levar os cidadãos a discutir os principais problemas das suas freguesias e a proporem soluções, entre as quais é escolhido um pequeno projeto para melhorarem as suas vidas.

Em freguesias como Carnide, em Lisboa, ou Torres Vedras e Matacães, em Torres Vedras, foram propostas e criadas hortas.

 

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