Estarreja dá exemplo ao resolver problema resíduos perigosos

O presidente da Câmara de Estarreja destacou hoje a importância do "aterro" de resíduos tóxicos do Complexo Químico local e considerou que o município dá um exemplo ao país ao resolver o problema dos seus resíduos perigosos.

Agência LUSA /

José Eduardo Matos, que hoje visitou a obra, considerou que a solução dos resíduos industriais perigosos tem implicações na auto- estima da população.

"Este é um projecto que tem implicações na própria auto-estima das pessoas e uma aposta forte do mandato, assumindo cara-a-cara os problemas ambientais para construir um concelho mais equilibrado e saudável", comentou.

O autarca destacou a importância do empreendimento como "primeiro pilar da estratégia ambiental para o município, que é recuperar o passado, mediante a despoluição dos solos".

"Estarreja dá assim um exemplo a nível nacional, sendo o primeiro centro químico a resolver o problema dos seus resíduos perigosos", salientou o autarca.

José Eduardo Matos acompanhou hoje os membros do painel comunitário de acompanhamento do Complexo Químico de Estarreja (PACOPAR), que verificaram os trabalhos finais de confinamento dos resíduos perigosos (acumulados nos últimos 50 anos), no âmbito do projecto ERASE de descontaminação dos solos.

Ao todo são 303 mil metros cúbicos de Resíduos Industriais Perigosos, basicamente constituídos por lamas de mercúrio e cinzas de pirite, oriundos do Complexo Químico de Estarreja, que durante cinquenta anos foram depositados a céu aberto e que agora foram removidos para a estrutura de confinamento, que se encontra em fase final de selagem.

O "aterro", que representa um investimento de cinco milhões de euros, ocupa cerca de cinco hectares, com uma altura aproximada de oito metros, e já está impermeabilizado, decorrendo os trabalhos de deposição de terras para posterior sementeira de coberto verde.

A colina formada pelo "cofre" dos resíduos perigosos, considerado pelos técnicos como 99,9 por cento estanque, vai depois ser vedada e disfarçada com arborização envolvente, estando prevista a conclusão total da obra dentro de dois meses.

Para Eduardo Matos, o segundo pilar da estratégia ambiental para o município assenta no reforço da actuação responsável no presente, em interacção com as empresas, para um desenvolvimento sustentável, em que se inscreve o esforço feito no saneamento básico.

Almeida Santos, do PACOPAR, destacou a importância do confinamento como "ponta final da estratégia de protecção ambiental concretizada pelas empresas químicas, que alteraram as suas estruturas tecnológicas".

Segundo aquele representante do sector químico, foram abandonadas as produções de soda cáustica e de cloro, da Quimigal e ex- UNITECA, que estiveram na origem da maior parte dos contaminantes, e as empresas químicas CIRES e a DOW têm processos recentes que limitam os resíduos.

Almeida Santos referiu ainda que, no que respeita aos efluentes líquidos, está a ser feita a interligação ao sistema multimunicipal de águas residuais da Ria de Aveiro (SIMRIA) e as emissões estão controladas.

"Os impactos ambientais estão resolvidos, tanto quanto a tecnologia o permite, e faltava resolver o passivo histórico", concluiu.

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