"Estou longe de aceitar que Tratado de Lisboa morreu" - Mário Soares
Lisboa, 20 Jun (Lusa) - O ex-presidente da República Mário Soares disse hoje "estar longe de aceitar que o Tratado de Lisboa morreu", um texto assinado em 2007 por todos os Chefes de Estado europeus, mas rejeitado pelo povo irlandês.
"Estou longe de aceitar a ideia de que o tratado de Lisboa morreu", disse Mário Soares à margem de um encontro com jornalistas para apresentar o programa do III Colóquio Internacional da Comissão da Liberdade Religiosa sobre "O Contributo das Religiões para a Paz", a realizar em Lisboa segunda e terça-feira.
Para Mário Soares, a decisão do povo irlandês deve ser obviamente respeitada mas deixa mal o governo da Irlanda que assinou o Tratado de Lisboa e agora com o "não" no referendo vê-se desautorizado pelo seu eleitorado.
"Quem fica mal é o governo irlandês", disse.
A rejeição do texto, no passado dia 12, pelos eleitores da Irlanda, o único dos 27 que submeteu o tratado a referendo por imposição constitucional, reabriu o debate sobre a crise institucional da União Europeia (UE), que o texto se propunha resolver.
Para já está anulado o calendário para a entrada em vigor do Tratado Reformador da UE, assinado em Lisboa a 13 de Dezembro último, prevista para 01 de Janeiro próximo.
Já no que se refere ao governo português, o ex-presidente da República considera que está a "bater-se e bem para salvar o Tratado de Lisboa".
"Na altura própria toda a gente deu vivas ao Tratado. Até eu próprio, não por considerar que fosse bom porque não o é. É um mau Tratado porque é confuso e complexo mas é um passo para resolver a saída da paralisação da Europa e esse passo era essencial", disse.
Questionado sobre o caminho a seguir perante a rejeição do texto pelos eleitores irlandeses, Mário Soares diz que há varias saídas possíveis mas não quis adiantar mais pormenores.
"Não tenho de me estar a antecipar porque isto já é uma matéria de discussão e sensível na Europa. Gostaria que fosse resolvido o mais rapidamente possível e que houvesse uma maneira de avançar com o Tratado de Lisboa", disse.
GC.