Estudantes de Medicina em Valência vão poder fazer 6.º ano em Portugal

por Lusa

Estudantes de Medicina de uma universidade em Valência, Espanha, vão poder fazer em Portugal a rotação clínica, no 6.º ano, no âmbito de um protocolo com a Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU).

O protocolo foi assinado entre a Universidade Católica de Valência, em Espanha, e a CESPU que, no final do ano passado, viu chumbada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) uma proposta para a criação de um novo curso de Medicina.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do departamento de Ciências da CESPU e coordenador do 1.º ciclo de estudos em Ciências Biomédicas explicou que a instituição conta receber, já a partir do próximo ano letivo, cerca de 40 estudantes, que farão a sua rotação clínica nos hospitais do grupo Trofa Saúde.

"Foi possível começar a contemplar Portugal da mesma forma que outras instituições internacionais com as quais a Universidade Católica de Valência já tinha protocolo, permitindo que os alunos se distribuam por vários países no último ano", disse Ricardo Dinis-Oliveira.

Em Portugal, os estudantes vão passar por diferentes especialidades, estando previstas 970 horas de formação em prática hospitalar, com rotações a cada cinco semanas que incluem Medicina Interna, Cirurgia, Pediatria, Urgência, Unidades de Cuidados Intensivos e Medicina Geral e Familiar.  

De acordo com o responsável, muitos dos alunos da universidade de Valência são portugueses que completaram a formação pré-clínica no Instituto Universitário de Ciências da Saúde da CESPU, através da licenciatura em Ciências Biomédicas, tendo depois obtido equivalência e prosseguido a formação médica em Valência, a partir do 4.º ano.

"O curso de Ciências Biomédicas foi programado para ter um plano de estudos altamente sobreponível com a formação que é dada nas universidades espanholas", explicou Ricardo Dinis-Oliveira.

Nesses casos, os estudantes poderão agora regressar a Portugal para completar a sua formação. 

Apesar de várias propostas apresentadas, a instituição de ensino portuguesa, do setor privado, não tem ainda um curso de Medicina. A proposta mais recente previa a criação de um mestrado integrado em que os primeiros três seriam feitos na licenciatura em Ciências Biomédicas e os quatro seguintes num mestrado em Medicina, sendo que também poderiam ser admitidos estudantes com licenciaturas equiparadas através de outra instituição. 

O curso foi chumbado pela A3ES, que considerou que os objetivos não estavam suficientemente definidos e levantou questões quanto à licenciatura de Ciências Biomédicas da CESPU enquanto alternativa aos primeiros dois anos da formação em Medicina.

No entender de Ricardo Dinis-Oliveira, o protocolo agora assinado é, "simbolicamente, um atestado de competência" e reconhece a qualidade da licenciatura, bem como das unidades de saúde previstas no projeto para o curso de Medicina.

"Não estamos a falar de uma faculdade qualquer, mas de uma das melhores faculdades a formar médicos em Espanha", sublinhou, considerando também que o reconhecimento da universidade de Valência, através do protocolo, legitima a proposta da CESPU que, para alguns alunos, vai passar a lecionar quatro dos seis anos do mestrado integrado espanhol.

Tópicos
pub