Ex-assessor de Sampaio diz ter ido ao limite do "eticamente susceptível"
João Gabriel, que foi assessor de imprensa de Jorge Sampaio, disse ter ido até ao limite do "eticamente susceptível" no relato dos dez anos de mandato do ex-Presidente da República.
O livro, intitulado "Confidencial - A década de Sampaio em Belém", editado pela Prime Books, foi hoje apresentado na Reitoria da Universidade de Lisboa.
O historiador social-democrata Pacheco Pereira, autor do prefácio, desmontou, na sua intervenção, o título escolhido: "Percebo este tipo de marketing mas, na realidade, não é isso que se encontra neste livro e ainda bem".
"O título e a capa não são necessariamente o que está cá dentro. Se fosse apenas uma sucessão de eventos confidenciais revelados para responder a uma certa curiosidade sobre os pequenos incidentes, isso tiraria dimensão ao livro", acrescentou.
Pacheco Pereira considerou que o livro de João Gabriel "é útil e interessante" por retratar a profissão de assessor de imprensa e pelos "aspectos testemunhais" da presidência de Jorge Sampaio.
"Está longe de ter contado muito do que aconteceu em Belém, e bem, porque aqui há um dever de reserva que faz todo o sentido manter", disse ainda.
A seguir, o próprio João Gabriel subscreveu que "é evidente que há matérias de reserva" que ficaram fora do livro.
"Fui até à fronteira do que estipulei como eticamente susceptível e, portanto, estou completamente tranquilo com o trabalho apresentado", declarou, revelando que teve "dúvidas em avançar para o livro".
O seu objectivo foi "contribuir para uma discussão, uma reflexão" e defendeu que haja mais "livros que prestem contas sobre determinados períodos históricos".