F9 trabalha com Ministério e também tem Brisa como cliente
A F9 Consulting, que trabalha com o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, também é consultora da Brisa - Auto-estradas de Portugal, apurou a agência Lusa de diversas fontes do sector.
A F9 Consulting foi a empresa que fez o trabalho de modelação economico-financeira da proposta do consórcio liderado pela Brisa para o concurso da concessão da Grande Lisboa, que a concessionária de auto-estrada perdeu para a Mota-Engil, tendo recorrido da decisão.
Questionada pela Lusa, fonte oficial da Brisa disse que a concessionária de auto-estradas "trabalha com mais de duas dezenas de empresas de consultoria, nas áreas económica, financeira e fiscal".
"A F9 Consulting tem trabalhado para a Brisa, desde 2001, na modelação economico-financeira de diversos projectos e operações, matéria em que é reconhe cida pelo mercado pela sua grande competência", acrescentou a mesma fonte.
A consultora foi fundada em 2001 por cinco pessoas, entre as quais Vasc o Gueifão, que actualmente exerce as funções de adjunto do secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos.
O semanário Sol noticiou a 28 de Outubro que "o despacho de nomeação nº 12.129/2005, assinado pelo secretário de Estado, refere a sua situação de requis itado (mantendo vínculo à empresa F9 Consulting)", acrescentando que "o Ministér io das Obras Públicas garante que se trata de um lapso".
No mesmo dia, Paulo Campos, em declarações aos jornalistas à margem da sessão de apresentação do Plano Estratégico do Sector Ferroviário, disse que Gue ifão trabalha actualmente na Secretaria de Estado e sublinhou que "por ter um pa ssado profissional de competência é que foi contratado".
Disse, também, que "assim que [Vasco Gueifão] entrou [na Secretaria de Estado], vendeu as acções na consultora".
O Sol noticiava, também, que dois estudos técnicos da secretaria de Est ado, que suportavam a decisão de introduzir portagens em 3 SCUT, foram atribuído s à empresa F9 Consulting por ajuste directo - sem concurso público - e que cust aram 275 mil euros.
Paulo Campos declarou que esse estudo é "rigoroso e foi validado por um a consultora internacional reputada", disse que o valor dos estudos não obriga à contratualização por concurso público e sublinhou que o processo de ajuste dire cto dos estudos à consultora foi conduzido pela Estradas de Portugal (EP) e não pela secretaria de Estado, num processo que foi "completamente transparente".
O PSD e o CDS criticaram a atribuição dos estudos sem concurso.
O Sol noticiou, ainda, que a F9 Consulting também elaborou outro relató rio central da secretaria de Estado das Obras Públicas, sobre o novo modelo de f inanciamento do sector rodoviário.
Na proposta do consórcio liderado pela Brisa para a concessão da Grande Lisboa, a F9 Consulting foi responsável pela modelação economico-financeira.
O concurso foi ganho pela Mota-Engil, mas o consórcio AEGL - Auto-estra das da Grande Lisboa contestou o modelo financeiro da proposta do consórcio venc edor, considerando que poderá ser ilegal.
Fonte do consórcio disse, na ocasião, à agência Lusa que o AEGL contest ou o "modelo financeiro" apresentado pelo consórcio LusoLisboa, porque "viola o caderno de encargos e poderá ser ilegal".
"O modelo financeiro poderá ser ilegal, porque algumas das receitas pre vistas são ilegais", acrescentou.
A Mota-Engil anunciou a 20 de Outubro que o agrupamento LusoLisboa, lid erado pela construtora, ganhou o concurso para a exploração e manutenção da conc essão rodoviária da Grande Lisboa, informação que foi confirmada em comunicado p elo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Em comunicado divulgado através da CMVM, a Mota-Engil dizia que o inves timento global será de 292 milhões de euros a que corresponderá, para o Grupo Mo ta-Engil, um aporte de capital no montante de 27 milhões de euros.
A auto-estrada da Grande Lisboa, em regime de portagens reais, tem um p razo de concessão de 30 anos (embora apenas de 5 anos para alguns troços já cons truídos, 66,5 quilómetros, para os quais a obrigação da concessionária é exclusi vamente a exploração/manutenção, sem cobrança de portagens) e terá um custo de c onstrução e alargamento (para 24,6 quilómetros) de 128 milhões de euros.
A concessão integra a construção dos lanços da auto-estrada do IC16, en tre Loures e Belas (CREL), e do IC30, entre Alcabideche e Ranholas (IC19), assim como a exploração de conjuntos vários associados na área metropolitana norte de Lisboa.
O concurso foi lançado em Novembro de 2003, com abertura de propostas e m Março de 2004.
As propostas da AEGL - Auto-estradas da Grande Lisboa, consórcio lidera do pela Brisa, e da Lusolisboa, liderado pela Mota- Engil, foram seleccionadas p ela comissão de apreciação de propostas para passarem à fase seguinte.
De fora da corrida ficou a espanhola Ferrovial, a terceira concorrente ao concurso.