Falsas urgências. Espera no Santa Maria ultrapassou 13 horas para doentes urgentes
O diretor da urgência do Hospital de Santa Maria considera que "se calhar não há assim tantas urgências verdadeiras que justifiquem a vinda" às instalações, pois se houvesse o número tinha-se mantido durante o período de Natal, o que não se verificou. As declarações surgem depois de o tempo médio de espera para doentes urgentes no Santa Maria, em Lisboa, ter ultrapassado as 13 horas esta terça-feira, segundo o portal do Serviço Nacional de Saúde.
“Nós sabemos que há um certo rebound [recomeço] sempre a seguir ao período de Natal e aos períodos festivos, por causa dos excessos, da falta de medicação, de infeções que entretanto aparecem, mas não justifica esta diferença de afluência”, defendeu Luís Filipe Pereira dos Santos aos jornalistas.
A RTP falou durante a tarde com uma paciente que estava há 18 horas à espera que atendessem a sua mãe no Hospital de Santa Maria, depois de ter sido atendida na triagem. Trata-se de uma idosa com suspeita de infeção respiratória, apresentando sintomas de falta de ar e tosse.
Segundo os dados atualizados às 15h18, 52 pessoas encontravam-se a aguardar o atendimento urgente (pulseira amarela), após a triagem na urgência central, com um tempo médio de espera de 13 horas e 26 minutos, e outras 36 consideradas menos urgentes (verde) aguardavam cinco horas e 23 minutos.
Nos casos muito urgentes (pulseira laranja), o tempo de espera no Hospital de Santa Maria estava estimado em uma hora e um minuto.
Duas horas depois, às 17h18, o tempo de espera tinha baixado para nove horas e 14 minutos, com 57 pessoas com pulseira amarela a aguardar pela sua vez. A pulseira laranja tinha um tempo de espera de 29 minutos.
Beatriz Ângelo com mais de 11 horas de espera
No Hospital São Francisco Xavier, o tempo médio de espera na urgência geral ao início da tarde era de uma hora e 46 minutos para os casos urgentes (oito doentes) e uma hora e 42 minutos para as situações menos urgentes (15 doentes).
Já na urgência polivalente do hospital de São José a espera para atendimento era de 52 minutos para os doentes urgentes e de 35 minutos para os menos urgentes.
Em Loures, o Hospital Beatriz Ângelo registava na urgência geral um tempo de espera de 11 horas e dez minutos, com 56 pessoas com pulseira amarela na fila. Duas horas depois, o tempo baixou para três horas e 19 minutos.
A triagem de Manchester, que permite avaliar o risco clínico do utente e atribuir um grau de prioridade, inclui cinco níveis: emergente (pulseira vermelha), muito urgente (laranja), urgente (amarelo), pouco urgente (verde) e não urgente (azul).
Nos casos de pulseira amarela, o primeiro atendimento não deve demorar mais de 60 minutos, e no caso da pulseira verde a recomendação é que não vá além de 120 minutos (duas horas).