Falta de pilotos ameaça utilização dos Puma

por Agência LUSA

A falta de pilotos é uma das principais dificuldades para os helicópteros Puma, que pertenceram à Força Aérea, passarem a ser utilizados no combate aos incêndios, concluiu um relatório de especialistas encomendado pelo Governo.

Em causa está o facto de a Força Aérea "não ter condições" para operar os aparelhos, mantê-los nas suas instalações ou formar pilotos, refere o relatório pedido pelos Ministérios da Administração Interna, da Defesa e da Agricultura sobre a reconversão dos helicópteros, a que a agência Lusa teve acesso.

"A Força Aérea, nas presentes condições, não tem capacidade para operar as duas frotas [Puma e os novos EH101] em simultâneo. De facto, tem vindo a reportar, repetidas vezes, que tem falta de pessoal navegante para garantir as missões que lhe são atribuídas", refere o documento.

Para pôr os Puma no ar a combater incêndios, o Ministério da Administração Interna teria de garantir "os financiamentos necessários e estimados a 15 anos", avaliado em 171,8 milhões de euros para a operação dos helicópteros pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.

Se as aeronaves fossem operadas pela Força Aérea ou pela GNR o custo baixaria para 147,3 milhões de euros, segundo o estudo.

Apesar de considerar que os Puma "têm capacidade para efectuar as missões previstas" de combate aos incêndios, o grupo de trabalho encarregue de estudar a conversão dos aparelhos admite que "não é exequível optar pela solução estudada", que passava inicialmente pelo recurso a pilotos e meios da Força Aérea.

"Dadas as dificuldades que a Força Aérea atravessa em termos de recursos humanos, não é exequível optar pela solução estudada, a não ser que sejam garantidas condições substancialmente diferentes, que actualmente não existem. Condições que passam por garantir a exequibilidade financeira da solução e que (Ó) possibilitem a retenção de pessoal navegante", pode ler-se no documento de mais de 80 páginas.

Em alternativa à Força Aérea, os autores do relatório sugerem o recurso a meios do Exército, que manifestou "disponibilidade para tal".

"A ter viabilidade, ainda que transitoriamente, poderá permitir prazos menores por se poder estar em presença de pessoal com formação de base e eventual possibilidade de utilização de infra- estruturas daquele ramo em Tancos", é referido no documento.

Em qualquer caso, os autores do relatório consideram como solução mais viável que, dos 10 helicópteros Puma existentes, apenas três sejam mantidos em permanência, em alerta de 24 horas, para a execução de missões na área da protecção civil, como evacuações sanitárias e recuperação e transporte de sinistrados.

Os helicópteros Puma da Força Aérea, que serviam as Forças Armadas desde o tempo da guerra colonial, começaram no início de Fevereiro a ser substituídos por 12 novos helicópteros EH-101 Merlin.

O relatório sublinha ainda que, face ao período necessário para as alterações aos aparelhos e formação de tripulações, "não é realista planear um novo início de exploração operacional dos Puma antes do início de 2007".

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