Falun Gong denuncia em Lisboa perseguição do Governo chinês

Os praticantes de Falun Gong, método chinês para cultivar mente, corpo e espírito, denunciaram em Lisboa a perseguição que sofrem na China, onde muitos dos seus praticantes são torturados e assassinados.

Agência LUSA /

Aproveitando a visita do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, uma dezena de membros de associações do método Falun Gong empunharam faixas com dizeres escritos em chinês e inglês e distribuíram jornais e panfletos junto ao Hotel Ritz, onde Jiabao e o primeiro-ministro português, José Sócrates, encerravam o Encontro Empresarial Portugal- China.

"Wen Jiabao é bem-vindo, mas queremos que ele tome consciência de que na China há uma grande perseguição contra o método Falun Gong, um método praticado em mais de 50 países do mundo", disse à Lusa Lee Kye Ja, uma suíça de origem coreana, representante de uma associação de Falun Gong que veio propositadamente de Genebra.

Apesar de ser praticado por mais de 70 milhões de pessoas na China (o Governo de Pequim afirma serem apenas dois milhões), os praticantes do Falun Dafa ou Falun Gong são considerados pelas autoridades chinesas como membros de uma seita e, desde 1999, que o Governo comunista os "reprime brutalmente".

Lee Kye Ja não acusa directamente Wen Jiabao destes crimes, mas aponta nomes, incluindo o do ex-Presidente Jiang Zemin, e os de Li Lan Qing (antigo vice-primeiro-ministro) e Luo Gan (membro do "bureau" político do Comité Central) e Liu Qing ("chefe da Gestapo chinesa") como "responsáveis pelas torturas".

Segundo o antigo embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Mark Palmer, Jiang Zemin decretou a perseguição dos membros da Falun Gong "de forma individual".

Citado pelo "site" da Falun Gong, Mark Palmer explica que o antigo Presidente "contradisse muitas pessoas do seu próprio organismo político, onde alguns dos seus membros até praticavam Falun Gong ou tinham familiares que o praticavam".

Na altura em que começaram as perseguições, em Julho de 1999, a Falun Gong era já muito conhecida na China, depois de ter sido apresentada pela primeira vez em 1992 pelo mestre Li Hongzhi.

Para Lee Kye Ja, o facto de o número de praticantes de Falun Gong ter crescido de forma tão rápida e exponencial provocou inveja em alguns sectores do Partido Comunista da China (PCC).

"Repare, 70 milhões de praticantes ultrapassa o número de militantes do PCC", diz.

Os crimes cometidos contra os membros da Falun Gong já foram denunciados por várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional.

Devido à perseguição, a Falun Gong acabou por se transformar numa organização de defesa dos direitos humanos que até publica uma "newsletter" onde denuncia alguns dos casos de abusos, torturas e assassínios cometidos pelas autoridades chinesas.

A essa violência e perseguição sistemática, a organização chama mesmo "genocídio".

Segundo os dados da Falun Gong, até Julho de 2003, 2.780 pessoas foram mortas, 100 mil enviadas para campos de trabalhos forçados, milhares detidas ilegalmente e mais de 500 foram sentenciadas a penas de prisão superiores a 18 anos.

Na sua recente visita a Pequim, o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou a aflorar o tema com o seu homólogo Hu Jintao, sem obter qualquer esclarecimento.

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