Familiares da criança morta vão avançar com processo-crime por homicídio

Lisboa, 12 Ago (Lusa) - O advogado dos familiares da criança baleada mortalmente segunda-feira pela GNR em Santo Antão do Tojal, Loures, disse hoje à Lusa que os parentes vão avançar com um processo-crime por homicídio.

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Fernando Carvalhal disse que ainda não está decidido se a queixa-crime por homicídio será interposta contra a GNR ou contra o militar responsável pelo disparo mortal.

O advogado dos assaltantes, um dos quais pai da criança de 12 anos que faleceu, afirmou que a prioridade para já é "apoiar a família inconsolável e promover a defesa das duas pessoas que vão ser presentes a tribunal".

Os suspeitos, detidos no posto da GNR de Bucelas, serão presentes hoje de manhã ao Tribunal de Loures.

"Estão detidos sob acusação de furto e por terem desobedecido à ordem de paragem da GNR", declarou o causídico à Agência Lusa, salientando que "a desobediência [à ordem de paragem] não terá posto em risco a vida do militar", que se atirou para o lado para não ser abalroado pela carrinha em fuga.

"Quando se manda parar uma viatura e esta não pára, mesmo nessa circunstância, não se justifica fazer cinco disparos à carrinha, ainda para mais quando viajava uma criança à janela", argumentou Fernando Carvalhal, afirmando que o menor estava visível porque "a janela ia aberta".

O advogado considera existir uma "franca discrepância no testemunho dos guardas".

"É uma situação claramente deficitária em termos de informação, relativamente ao procedimento da guarda e ao uso das armas de fogo. Isso tem de ser muito bem apurado", frisou, admitindo que "é uma situação ainda muito fresca. Não se pode concluir nada".

Na opinião do advogado, "é fácil determinar qual foi o projéctil que vitimou a criança e qual foi a arma que o disparou e saber quem foi o responsável".

Relativamente ao material encontrado na carrinha Ford Transit em fuga, e que segundo a GNR terá sido furtado num estaleiro de obras, o advogado adiantou que "na perspectiva dos detidos, trata-se da recolha de ferros usados em obra".

"Não estavam fechados [os ferros] mas não consegui verificar se estava vedado o acesso. Parece-me que estavam ao ar livre", afirmou.

Fernando Carvalhal disse ainda ter sido informado pela polícia de que foi encontrada na carrinha, "em local que não era de fácil acesso", uma pistola de calibre 6.35 milímetros mas que esta "estava descarregada e sem sinal de ter feito fogo".

A criança de 12 anos foi morta por disparos da GNR, após uma perseguição automóvel na sequência de um assalto a um estaleiro de materiais de construção civil, numa propriedade em Santo Antão do Tojal, Loures.

Segundo a GNR, durante a perseguição foram disparados tiros para imobilizar a carrinha.

Um dos tiros acertou no pneu traseiro direito da carrinha, obrigando à imobilização desta junto à Igreja de Santo Antão do Tojal, a cerca de um quilómetro da propriedade onde começou a perseguição.

Outro dos disparos entrou dentro da viatura e atingiu a criança que veio a falecer.

RCR/ARA.

Lusa/Fim


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