FCT admite aumento de valores de bolsas
O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnol ogia (FCT) admitiu hoje em Braga um eventual aumento dos valores das bolsas para os investigadores portugueses, mas avisou que isso pode trazer uma diminuição d o número de apoios.
Segundo João Sentieiro, a FCT aguarda a conclusão, prevista para Março de 2007, de um estudo comparativo da situação dos bolseiros, em Portugal, na Eur opa e nos Estados Unidos, "tendo em vista, nomeadamente um eventual aumento do v alor das bolsas".
O gestor avisou, no entanto, que um eventual aumento remuneratório dos investigadores portugueses pode acarretar uma diminuição do número de bolsas, po rque - frisou - "os recursos do Estado são finitos".
O novo Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica, a concluir no c omeço de 2007, conterá algumas das principais reivindicações da associação do se ctor, segundo João Sentieiro, que disse apenas que as alterações serão concretiz adas após a audição das várias entidades envolvidas.
"O Orçamento para a investigação científica aumenta 60 por cento em 200 7 pelo que o apoio aos bolseiros deverá aumentar", sublinhou o presidente da Fed eração no final da sessão de abertura da Conferência Nacional sobre Emprego Cien tífico que decorre na Universidade do Minho.
A iniciativa é da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica e conta com a participação de 100 investigadores.
Na sua intervenção aos conferencistas, João Sentieiro disse que a FCT a caba de criar um "painel consultivo" que irá seguir a aplicação do Estatuto do B olseiro, nos termos previstos na lei.
Salientou que as verbas inscritas no Orçamento de Estado para o increme nto da investigação científica têm crescido de forma ímpar na Europa, sendo o au mento programado para 2007 de 60 por cento.
Referiu que o número de bolsas cresceu 60 por cento para doutoramentos e 40 para pós-doutoramentos.
Lembrou o concurso lançado pelo Governo para a criação, até 2009, de mi l contratos de trabalho para investigadores em instituições e apontou as vantage ns dos acordos científicos concluídos recentemente com duas universidades norte- americanas, sublinhando que "a adesão de empresas permite a criação de 30 empreg os para cientistas".
Questionado sobre as declarações de João Sentieiro, o presidente da Ass ociação de Bolseiros, João Ferreira lamentou a sua "falta de novidades", frisand o que "a promessa de revisão do Estatuto já data de Março, e já devia estar feit a".
Referiu que o painel consultivo estava previsto na lei desde Julho de 2 004, lamentou a ausência de uma política de emprego científico, e considerou "co ntraditória" com as promessas governamentais, a ameaça de uma eventual redução d o número de bolsas se houver aumento do seu valor, em 2007.
"O Estado continua a apostar na formação de cientistas, mas depois nada faz para lhes facilitar o emprego, dando-se mesmo ao luxo de ter 330 vagas por preencher em laboratórios estatais", sustentou.
Disse que as bolsas atribuídas pelo Estado devem abranger apenas a form ação - mestrados ou doutoramentos - não podendo servir para fomentar o emprego p recário no sector.
Defendeu que os bolseiros não podem continuar a trabalhar sem direito a segurança social e o subsídio de desemprego, e apelou ao cumprimento das regras para o sector definidas pela Comissão Europeia.