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Filipinas e Índia lideram poluição dos mares
Filipinas, Índia, China são alguns dos países que mais poluem os oceanos com resíduos plásticos. Estes detritos representam cerca de 80 por cento da poluição marinha, mas não são os únicos. Os produtos químicos, partículas, metais e toxinas biológicas invisíveis têm um grande impacto na saúde dos mares.
Estima-se que entre 4,8 a 12,7 milhões de toneladas de plástico entrem no oceano a cada ano. De acordo com a Science Advances, um estudo de 2017 registou que 80% do plástico mal administrado tinha proveniência maioritariamente de cinco países asiáticos : China, Tailândia , Vietname , Indonésia e as Filipinas. Os resultados mais atualizados revelam que 2021 não trouxe grandes alterações.
Desde 1950, os humanos terão produzido mais de oito mil milhões de toneladas de plástico, mais da metade terá ido para aterros sanitários. Cerca de 9% foi reciclado e o restante foi parar aos oceanos. Do lixo plástico que chega ao mar, 20 por cento foi atribuído a redes de pesca e 80% tiveram origem em terra.
O ranking MPW, (Mismanaged Plastic Waste) identifica a quantidade de resíduos plásticos que escapam ao descarte adequado ou à reciclagem em terra e chegam ao oceano, associando os valores aos paises responsáveis.
Durante o ano de 2021, Filipinas liderou a escala com 356.371 toneladas de resíduos plásticos lançados ao oceano. Seguiu-se a Índia com 126.513, Malásia com 73.098, China com 70.707. À Indonésia foi atribuído 56.333 toneladas de lixo plásticoe ao Brasil, 37.799. A Portugal foram atribuídas 76 toneladas, ocupando lugares próximos da Nova Zelândia.
O Brasil, quinto maior país do mundo, estima-se que recicle apenas 1,28% do total de resíduos plásticos, o que implica que a esmagadora maioria acaba incinerada, enterrada em aterros sanitários ou a poluir a terra e o mar.
No ano de 2010, a China produziu a maior quantidade de plástico com 59,08 milhões de toneladas de resíduos plásticos, quase o dobro do segundo maior produtor (os Estados Unidos com 37,83 milhões de toneladas). Durante a última década, o governo tomou medidas para conter a poluição plástica, proibiu os sacos descartáveis e não degradáveis em todas as grandes cidades até o final de 2020 e em todas as cidades e vilas até 2022. As palhinhas plásticos de uso único foram também banidas até ao final de 2020.
A produção da Rússia aumentou de 5,84 milhões de toneladas de resíduos plásticos em 2010 para quase 8,47 milhões de toneladas em 2016, tornando-se um dos poucos países cuja produção de resíduos plásticos está a crescer em vez de diminuir. De acordo com a informação da MPW, estudos detetaram cerca de 36 partículas de microplástico por quilo de sedimento seco, nas praias do Mar Báltico, na região de Kaliningrado .
Os resíduos plásticos representam cerca de 80% da poluição marinha. Cerca de 10 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos entram nos oceanos a cada ano. Matam aves marinhas, peixes e mamíferos marinhos. Este lixo decompõe-se em pedaços menores conhecidos por microplásticos que se combinam a produtos químicos que flutuam no ambiente marinho, incluindo pesticidas e metais tóxicos. Essas partículas carregadas de poluição química são ingeridas por peixes e mariscos e depois passadas para humanos que consomem esses alimentos. Embora seja o lixo plástico a componente mais visível da poluição oceânica, são os produtos químicos quase de forma invisível como partículas de metais e toxinas biológicas que demonstraram contaminar mais rapidamente a vida marinha, e que, mais tarde ou mais cedo atinge a saúde humana.
Jitendra Singh, Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia representará A Índia na Conferência dos Oceanos a decorrer em Lisboa. Quer contribuir para a conservação dos mares e promete que o seu país irá implantar um conjunto de medidas para atingir a Meta 14 proposta pela ONU. Singh reconheceu que "a poluição causada pelo plástico estava a aumentar na costa marítima de Puducherry, portanto, para salvar o mar, praias e ecologia, as pessoas locais lançaram a campanha 'Reciclando para a Vida'. Hoje, milhares de quilos de lixo são recolhidos todos os dias em Karaikal, Puducherry".
Kremlin em Lisboa
Presente na Conferência dos Oceanos está também o conselheiro do Kremlin (presidência russa) para os Assuntos Climáticos, Ruslan Edelgeriyev. Em entrevista à Lusa, Edelgeriyev alertou para os efeitos do bloco ocidental ter suspendido, no contexto de guerra, a "cooperação na área do clima ou da proteção ambiental" na Rússia. Sublinha que essa atitude irá "impedir o progresso nessas áreas. Isso pode ter um efeito catastrófico para o nosso planeta, sendo que a recuperação poderá exigir décadas". "Se não estamos unidos mesmo nas coisas tão óbvias, como a prevenção das alterações climáticas globais, então como podemos falar das coisas mais complexas?", questionou Edelgeriyev.
O diplomata defendeu que "não se deve esconder atrás da existência de outros problemas para adiar a luta contra as alterações climáticas. Do que precisamos é de um progresso equilibrado na solução de todos os problemas globais. Estamos prontos para contribuir para a implementação desta visão", assegurou.
Mais de 140 países, com cerca de uma centena de delegações representadas a nível político participam na II Cimeira dos Oceanos das Nações Unidas, que começa a 27 de junho e termina a 1 de julho.