São palavras magoadas, embora reconhecidas, dos jornalistas que acompanharam os últimos dias de A Capital, jornal que foi para as bancas pela primeira vez a 21 de Fevereiro de 1968.

A derradeira edição de A Capital (11.911) faz manchete do seu "fim", destacando a letras negras e garrafais esta palavra na última primeira página do matutino.

A primeira e a última página deste jornal são hoje preenchidas com primeiras páginas de outros tempos: "Os astronautas dormem na lua", "Movimento das Forças Armadas desencadeia acção de madrugada", "Fogo devasta baixa lisboeta", "Terrorismo ataca coração do mundo", "Morreu o Papa".

No editorial, o director interino Paulo Narigão Reis escreve que está "zangado. Triste. Sinceramente incomodado" por ter de ser ele a "fechar o que nomes como Norberto Lopes, Mário Neves, David Mourão- Ferreira ou Francisco Sousa Tavares ajudaram a construir".

"Não queria ser também eu a escrever o que, para já, é o último editorial de A Capital. Digo para já porque acredito que o título não morre aqui e agora", acrescenta.

"Trabalhámos, todos, com dedicação e sem olhar às dificuldades inerentes a uma publicação com poucos meios, para levar até si o melhor jornal possível, e posso garantir que todos aqui nos orgulhamos do que fizemos", afirma Paulo Narigão.

A administração escreve numa nota que "a contínua descida nas vendas e nas receitas publicitárias foi tendo como consequência que a empresa proprietária, Impreopa - Sociedade Jornalística e Editorial, SA, apresentasse, ao longo dos últimos anos, resultados negativos muitíssimos avultados e que se tornaram insustentáveis".

"Apesar de a administração ter estudado formas de resolução do problema que não passassem pela suspensão da publicação, tal não de revelou possível", conclui a administração de A Capital.