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"Foi o Governo que empurrou o país para esta situação", acusa Vieira da Silva
O antigo ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social acusa o Governo de Luís Montenegro de ter empurrado os trabalhadores para a greve.
Fotos: Jorge Carmona
Para o antigo ministro, se o Governo, perante o pacote laboral que quer implementar, "não considerou uma greve foi porque não lhe interessava considerar e preferia que houvesse greve, ou porque não fez o trabalho de casa e não falou com os sindicatos. Se o tivesse feito, nada disto teria acontecido", conclui.
Já Bagão Félix, antigo ministro das Finanças e da Segurança Social e do Trabalho, defende que o "o Governo talvez pudesse ter atuado de forma diferente. O Governo deu a ideia de que lançou isto de supetão. Quase sem a mínima auscultação dos parceiros sociais".
E afirma: "quando o primeiro-ministro diz que esta é uma greve com interesses partidários... entendo-o mas não me parece que seja completamente justo".
Aliás, Rita Garcia Pereira, advogada especialista em Direito do Trabalho, deixa uma questão: "pergunto-me qual foi a tranquilidade e a paz e a discussão à mesa quando se começou a pensar em alterar o Código do Trabalho desta forma drástica. Isto não se faz de um dia para o outro. Onde estava a dita tranquilidade quando se perspetivaram estas soluções que são o regresso ao passado no que o passado tem de pior?"
As duas centrais sindicais concordam: a greve geral terá um impacto significativo. Para Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, "vamos ter uma grande greve geral. Vai ser sentida em todas as áreas de atividade. Como é óbvio, o setor público terá maior impacto e maior visibilidade naquilo que é a greve. Será o setor público a dar uma grande resposta porque aquilo que está em cima da mesa é profundamente negativo". "Os trabalhadores terão voz contra aquilo que representa um retrocesso social gigante. Este pacote laboral atinge todos. Tudo aquilo que está neste pacote laboral vai contra aquilo que os trabalhadores querem", afirma a a secretária-geral adjunta da UGT, Soraia Duarte.
Do lado dos patrões, Armindo Monteiro, presidente da CIP, entende que "é mais difícil pôr fim a um posto de trabalho do que a um casamento. O poder negocial não está do lado de quem contrata. O trabalhador tem uma capacidade negocial que a empresa não tem. Com esta greve não é ao empregador que se faz mal, faz-se mal ao país e aos portugueses".
O coordenador do Observatório do Emprego Jovem, Paulo Marques, refere que "não podemos dissociar a história das greves gerais das mudanças à lei laboral. Elas foram sempre centrais. A greve não é para prejudicar o empregador. Os trabalhadores quando fazem uma greve estão a exercer um direito democrático".
Desde o anúncio da greve, os sindicatos (afetos às duas centrais sindicais, CGTP e UGT) têm estado a preparar esta paralisação. Reuniões, faixas, cartazes, mensagens áudio. Têm sido dias de muito trabalho, dizem, para apelar à mobilização, como nos demonstra a repórter Marta Pacheco.
Também os jovens vão ser afetados pelas alterações ao Código de Trabalho. A repórter Diana Craveiro falou com um jovem que receia que o pacote laboral aumente a precariedade.
O programa Consulta Pública é moderado pelo jornalista da Antena 1, Frederico Moreno.