Freguesia da Venteira promete combater situações como 100 imigrantes a viver numa loja

Cem imigrantes a viver numa loja, estabelecimentos comerciais repletos de colchões alugados à noite, ou ao dia, e um alojamento local transformado em dormitório são situações que a Junta de Freguesia da Venteira, na Amadora, sinalizou e pretende combater.

Lusa /

O presidente da Junta de Freguesia da Venteira, João Pica, disse à agência Lusa que a situação que se vive em várias lojas, a metros da junta, é "desumana" e promete agir.

"Eu vou atuar nas lojas. Eu não posso permitir que 100 imigrantes vivam numa loja. É desumano. Acontece", afirmou.

O cenário destas lojas tem alguns sinais comuns, como os vidros tapados, que em alguns casos permitem que se veja no seu interior vários colchões empilhados.

O movimento nestes espaços é mais comum ao início da noite e início da manhã, o que se deve ao aluguer dos colchões à noite e ao dia.

"Temos o utilizador que dorme durante o dia e sai à noite e temos o utilizador que dorme durante a noite e sai de manhã. Eles revezam o colchão e chegam a pagar 200, 300 euros por colchão", contou.

A junta tem neste momento sinalizadas pelo menos cinco grandes lojas onde se pratica este sistema de revezamento de imigrantes na mesma cama (conhecido por "cama quente") na freguesia.

O facto de estas lojas serem a habitação de "centenas de imigrantes" na freguesia, no centro da cidade da Amadora, faz com que estes não consigam um atestado de residência com vista à sua legalização, optando muitas vezes por indicar moradas que não habitam, certificadas por pessoas que recebem dinheiro para mentir.

João Pica lamenta ainda a existência de um edifício recuperado e propriedade de um privado, que obteve o licenciamento para Alojamento Local (AL), mas que "de alojamento local não tem nada".

"Não tem nada de Alojamento Local, tem tudo sim de tráfico, de tráfico humano, onde as pessoas entram e saem e são exploradas, porque pagar 200 a 300 euros por um colchão é uma exploração", disse.

E lamentou que nestes casos não exista "qualquer tipo de fiscalização".

"Infelizmente, no concelho da Amadora a fiscalização é diminuta e não é feita; e devia ser feita e de uma forma rigorosa", referiu.

João Pica promete uma atuação, nomeadamente através de fiscalização e obrigando a Câmara da Amadora a atuar.

"Não podemos permitir isto, não pode ser, e a Câmara da Amadora não pode permitir ter dezenas de lojas afetas e ter colchões por todo o lado", declarou.

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