Governo diz que intervenção na A4 pode ser alternativa à isenção de portagens na CREP

por Lusa

O secretário de Estado das Infraestruturas disse hoje não ter a certeza de que a isenção de portagens na CREP seja a solução para o congestionamento da VCI, adiantando que está ser estudada uma intervenção em pórticos da A4.

"Se nós soubéssemos que [a isenção de portagens na CREP] era uma solução que resolveria todos os problemas, por certo que a tomaríamos. Não temos essa certeza e achamos até que, eventualmente, há outras medidas que não passam pela isenção de portagens na CREP", afirmou Jorge Delgado em declarações aos jornalistas no final da reunião com os autarcas do Porto e Maia.

A reunião que decorreu na Maia surge dias depois de a Câmara do Porto e a Assembleia Municipal do Porto terem aprovado uma moção para proibir o tráfego de veículos pesados de mercadorias na Via de Cintura Interna (VCI), ficando estes veículos isentos do pagamento de portagens na A41, também designada por Circular Regional Externa do Porto (CREP).

Acompanhado pelo presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Laranjo, o governante, que anunciou que vai ser criado um grupo de trabalho para discutir as medidas a tomar para descongestionar a VCI, adiantou que está a ser estudada uma intervenção na A4, nomeadamente ao nível da "localização e deslocalização pórticos", que em articulação com outras medidas constituam uma alternativa à isenção de portagens.

A eventual intervenção na A4 é uma das três questões essenciais que vão ser discutidas na primeira reunião do grupo de trabalho, que deve acontecer na segunda quinzena de outubro.

"A primeira tem a ver com a petição que a Câmara do Porto fez no sentido de solicitar a isenção de portagens [na CREP] para os veículos pesados. Essa situação está a ser avaliada e estamos a verificar se, de facto, a solução é essa ou não. Aparentemente, à primeira vista, parece ser uma boa solução, temos de avaliar se é ou não. Pode também verificar-se que não é a mais importante", revelou o governante.

Por outro lado, adiantou o secretário de Estado, está a ser estudado um conjunto de medidas "mais finas" relacionadas com o tratamento dos `nós`, regras de trânsito e possibilidade de mudança de faixa, entre outras.

"A informação que aqui trouxemos hoje foi partilhada com as câmaras, elas próprias vão analisar. No sentido inverso, as câmaras vão também partilhar connosco as suas soluções, e na segunda quinzena de outubro vamos ter então uma primeira reunião para perceber então quais são as ações em concreto", explicou.

Reconhecendo que a Via de Cintura Interna está sobrelotada, Jorge Delgado escusou, contudo, a apontar uma data em concreto para a implementação das medidas, tendo sublinhado que o "trabalho começa agora".

"Os problemas de trânsito nas Áreas Metropolitanas é um problema real e por isso estamos a fazer uma aposta muito significativa no transporte público (...), Agora, sabemos que os carros continuarão a existir, é um problema real", disse, adiantando que as câmaras de Matosinhos e Vila Nova de Gaia vão ser chamadas a integrar o grupo de trabalho.

Questionado sobre se a isenção de portagens na A41 seria extensível aos ligeiros, o secretário de Estado das Infraestruturas referiu apenas que a solução que foi apresentada propunha apenas a isenção para veículos pesados, decisão essa que ainda não foi tomada.

"Foi feita uma primeira avaliação e do seu potencial impacto, que não se revelou muito relevante. Por isso temos medidas alternativas em relação à A4 e às intervenções da VCI que podem ser complementares e podem ser passos muito importantes e quem sabe muito mais relevantes do que a redução das portagens na CREP. Temos de estudar", sublinhou.

Confrontado com as conclusões do encontro que decorreu hoje na Maia, o presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, mostrou-se satisfeito pela resposta célere do ministério das Infraestruturas, tendo reiterado que "é muito urgente" uma intervenção na VCI.

"Iremos ter um conjunto de obras na cidade do Porto que terão grande impacto no trânsito. Estamos a falar da construção da Linha Rosa [do Metro] que vai aumentar o problema em termos de mobilidade na cidade e das obras no tabuleiro inferior da Ponte Luiz I", referiu, salientando que as soluções que estão prevista em termos de transporte público não vão ser "imediatas".

Já o presidente da Câmara da Maia, António Silva Tiago salientou que no concelho o maior problema, além da Via Norte, são os pórticos da A41, tendo-se mostrado confiante de que com esta abordagem o problema será resolvido.

"Se não for a bem, terá que ser a mal", concluiu.

O Jornal de Notícias avançou hoje que o Governo está a preparar a redução do preço das portagens da A41, que serve o Grande Porto, estando o modelo e a percentagem do desconto a aplicar nas taxas da Circular Regional Exterior do Porto (CREP) ainda estão a ser desenhados,

Segundo aquela publicação, o Ministério da Coesão Territorial estima que, num "cenário mais conservador", esta medida estará operacional a partir de 1 de janeiro de 2021.

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