Governo português concede "agréement" a novo embaixador do Brasil

O governo português concedeu "agréement" ao ovo embaixador brasileiro em Lisboa, Celso Marcos Vieira de Souza, informou hoje, o Ministério brasileiro dos Negócios Estrangeiros.

Agência LUSA /

O diplomata Celso Marcos Vieira de Souza, carioca de 62 anos, encontra -se actualmente à frente da embaixada do Brasil na Áustria, desde 2004, exercendo, cumulativamente, o cargo de embaixador do Brasil junto à Eslováquia, Eslovénia e Croácia.



Em 2000, Celso Marcos foi embaixador do Brasil no Cairo.

Anteriormente, foi chefe do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty e serviu na embaixada brasileira em Washington como ministro conselheiro.

O "agréement" a Celso Marcos foi concedido após uma verdadeira polémica provocada pelo actual embaixador do Brasil em Portugal, Paes de Andrade.

Na segunda-feira, Paes de Andrade, presidente de honra do Partido do Mo vimento Democrático Brasileiro (PMDB), inconformado com a iminente perda do carg o, enviou uma carta ao "Valor Económico", em que usou "adjectivos fortes" ao ref erir-se ao ministro das Relações Exteriores, divulgou hoje o jornal.

Paes de Andrade disse que o ministro brasileiro Celso Amorim foi "gross eiro", "desrespeitoso", "ríspido", "lacónico", "açodado" e "violento" ao comunic ar-lhe, por telefone, que seria substituído por um embaixador de carreira.

De acordo com o "Valor", Paes de Andrade contou que Amorim, no "diálogo grosseiro, desrespeitoso" que teve com ele, "no mesmo tom com que afastou o emb aixador Roberto Abdenur" do posto de representante do Brasil em Washington, lhe ordenou que encaminhasse ao governo português o pedido de "agrément" do seu subs tituto.

Paes de Andrade disse ter argumentado a Celso Amorim que o presidente L ula da Silva nada havia dito sobre esta troca.

"Chanceler, não sou seu embaixador. Sou embaixador pela vontade e decis ão do senhor presidente da República", teria dito ao chanceler, segundo seu próp rio relato, revelou o "Valor".

O ex-deputado contou que, apesar da contrariedade, encaminhou o pedido de "agréement" às autoridades portuguesas mas o presidente do Senado, Renan Calh eiros, líder do PMDB, ter-lhe pedido que suspendesse a operação, porque o assunt o seria tratado numa reunião com o presidente Lula.

Segundo Paes de Andrade, "ríspido e lacónico", o ministro brasileiro da s Relações exteriores, face à a sua recusa em encaminhar o pedido de "agréement" , ter-lhe-ia ordenado: "Cumpra a missão que lhe estou a colocar nas mãos. O senhor será substi tuído pelo embaixador Celso Marcos Vieira de Souza".

Paes Andrade disse ainda ao "Valor Económico" que ficou surpreso com o "ultimato" do ministro e lembrou que, como filiado do PMDB, Amorim deveria trata r com respeito o presidente de honra do partido.

"O chanceler Celso Amorim, açodado, não espera a decisão do presidente da República, passa por cima do embaixador Paes de Andrade, e recorre à Chancela ria portuguesa, solicitando o agréement. Nada mais violento e desrespeitoso do q ue recorrer ao acto extremo", afirmou Paes de Andrade na carta ao jornal brasile iro.

O ministro Amorim informou ao "Valor", por intermédio de sua assessoria de imprensa, que ao fazer a troca na embaixada em Lisboa estava a cumprir uma d ecisão do Presidente da República.

Disse também ter ficado com a nítida impressão de que, ao contrário do que diz o ex-deputado Paes de Andrade, o tom da conversa entre eles foi "cordial e profissional".

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