Governo realiza "intervenção profunda" na recolha de dados sobre Covid-19 para "reduzir erros"

por RTP

 As ferramentas utilizadas para analisar e tratar os dados relativos aos infetados com covid-19 estão a ser alvo de uma "intervenção profunda" para reduzir a "possibilidade de erros", disse hoje o secretário de Estado da Saúde, ressalvando que a mudança está a ser feita a pedido da DGS.

"Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) encontram-se a fazer uma intervenção profunda nos sistemas de recolha e tratamento dos dados epidemiológicos com o objetivo de reduzir as tarefas manuais, acelerando o processo diário de elaboração do boletim [da Direção Geral de Saúde] e diminuindo a possibilidade de ocorrência de erros", afirmou António Lacerda Sales durante a conferência de imprensa para fazer um balanço da epidemia de Covid-19 em Portugal.

O governante salientou a importância da "transparência e rigor" na recolha e divulgação de dados sobre o novo coronavírus.Extrair informação automaticamente

Luís Góis Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), acrescentou que o objetivo é reduzir a intervenção manual de "operações complexas que passam a ser cada vez mais automatizadas".

A intervenção vai no sentido de “promover a integração de vários sistemas”, como o “Sinave Lab com o Sinave Med”. “O que se pretende é que essa informação seja extraída automaticamente, seja também confrontada com a informação do registo nacional do utente, melhorando a qualidade dos dados” e, através de um “conjunto de operações e de filtros” permitir encontrar “relações entre essa informação”.

Trata-se de operações “complexas” que “exigem grande intervenção manual”, como por exemplo identificar se “determinada notificação feita em Sinave Lab corresponde ou não a uma notificação prévia feita em Sinave Med”, ou se “uma notificação negativa em Sinave Lab representa um utente que já se encontra curado ou se representa um doente que nunca chegou a estar doente”, esclareceu.

O objetivo da cooperação dos SPMS e da automatização das operações é “elevar muito a celeridade da obtenção dessa informação e também diminuir o erro”. “Quanto menos intervenções manuais tivermos nestas operações, maior é a probabilidade do erro não existir”, declarou ainda o presidente da SPMS.

Este trabalho “está em curso, está praticamente na fase final”, estando a decorrer testes com a DGS, neste momento, e está previsto que a “ferramenta” esteja finalizada em breve. Luís Góis Pinheiro acrescentou ainda que a SPMS tem vindo ainda a “aperfeiçoar a ferramenta Trace Covid, que se tem vindo a tornar numa ferramenta fundamental na gestão da pandemia e no apoio aos médicos”.

O TraceCovid19 permite fazer a gestão da pandemia e dar apoio aos médicos que mantêm os doentes em vigilância. Segundo Luís Góis Pinheiro, o aperfeiçoamento desta ferramenta vai "permitir tratar cada vez mais a informação" e "apoiar as decisões daqueles que têm de as tomar"."Melhoria contínua"

A Diretora-geral de Saúde, Graça Freitas admite que o processo de informação e da “transparência da informação tem sido alvo de uma melhoria continua”. A DGS refere que embora os formulários, como do Sinave Med, sejam “complexos”, mas que é necessário pedir informação, “se queremos ter informação”.

“Só temos informação que nos é reportada”, afirmou Graça Freitas, apelando aos “médicos e aos laboratórios que preencham tanto quanto possível esses formulários”, porque esses dados são importantes “para acompanhar a pandemia”.

Reforçando a afirmação de Luís Góis Pinheiro, a diretora-geral explicou que “os automatismos que estão a ser testados, vão permitir rapidez no processo e alguma segurança adicional desse processo”. Além disso, os técnicos especializados poderão “analisar melhor a informação em tempo útil”. No entanto, não é esperado o aumento de casos com o automatismo dos sistemas de informação.
Tópicos
pub