Governo sob críticas assegura que SIRESP é "robusto, seguro e capaz"

por RTP
As negociações entre Governo e SIRESP tiveram início quando a rede ameaçou parar os seus equipamentos devido a uma dívida de 11 milhões de euros do Estado Nacho Doce - Reuters

O secretário de Estado da Proteção Civil assegurou esta quarta-feira, no Parlamento, que o SIRESP é uma rede “robusta, segura e capaz”. As garantias de José Artur Neves não impediram, porém, que Bloco de Esquerda e PSD lançassem críticas sobre a demora no alcance de um acordo entre o Governo e os acionistas que impeça que os sistemas de comunicação do combate aos incêndios sejam comprometidos.

“O conjunto de ações que se tem realizado permite transmitir aos portugueses que temos uma rede robusta, segura, capaz. Esta rede permite diferentes modos de comunicação em diferentes serviços, que suportam diariamente a atividade operacional dos serviços do Estado”, pelo que a segurança dos portugueses está garantida, assegurou José Artur Neves.

Quanto às negociações que o Governo tem levado a cabo com a entidade gestora do SIRESP nas duas últimas semanas, o secretário de Estado da Proteção Civil frisou que estas estão a ser desenvolvidas pelo Ministério das Finanças e que o objetivo é que o Estado assuma uma posição de controlo da empresa.

As negociações tiveram início quando a rede SIRESP ameaçou parar os seus equipamentos de redundância devido a uma dívida de 11 milhões de euros do Estado.

“Mas o mais importante neste processo tem a ver com a redundância e funcionamento da rede e isso nós garantimo-lo, tal qual como no ano passado, onde foi garantida a segurança dos portugueses quando mais nenhuma rede funcionou”, destacou, afiançando ainda que o SIRESP é a rede mais moderna e utilizada por 35 países europeus.

Depois dos incêndios de 2017, o Governo aprovou em Conselho de Ministros um novo contrato com a entidade gestora do SIRESP, que deveria entrar em funcionamento em 2018, mas foi chumbado duas vezes pelo Tribunal de Contas.
Governo “prometeu mas não cumpriu”
No final do debate, a deputada do Bloco de Esquerda Sandra Cunha lamentou que o secretário de Estado não tenha respondido às questões que lhe foram colocadas, entre as quais a razão da demora nas negociações e se o SIRESP está preparado para a próxima época de incêndios, tendo ainda criticado o Governo por prometer mas não cumprir quanto ao controlo desta rede.

“Quase dois anos depois, as tentativas negociais para que o Estado assuma o controlo da SIRESP continuam sem fim à vista. No dia 13 de maio, o senhor primeiro-ministro anunciou que estaria 'por horas' a conclusão do processo negocial”, recordou a deputada, que considera que “o Governo prometeu, mas não cumpriu”.

“Chegamos a esta situação preocupante, e perfeitamente evitável, que em pleno período crítico de incêndios continuam sem estar garantidas as condições para o eficaz funcionamento da rede de comunicações de emergência”, lamentou.

Sandra Cunha defendeu ainda que “a gestão privada do SIRESP falhou na proteção e segurança das populações e foi ruinosa para o erário público”, pelo que a única solução é uma “gestão orientada pelo interesse público”.
Ausência de acordo questionada
Durante o debate, também o deputado do PSD Duarte Marques acusou o Governo de ter voltado a falhar na preparação da época de incêndios, nomeadamente nos meios aéreos que estão disponíveis.

O grupo parlamentar apresentou hoje uma pergunta a Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, que não esteve presente no debate, sobre as negociações entre o Governo e os acionistas do SIRESP.

“Perante as informações que vieram a público, no início do presente mês, dando nota que os sistemas da comunicação de combate aos incêndios – SIRESP - podiam estar comprometidos este ano, o primeiro-ministro, no último debate quinzenal na Assembleia da República, garantiu que o acordo estava por horas”, começa o PSD.

No entanto, “o Governo ainda não chegou a qualquer acordo com os acionistas do SIRESP”, pelo que o grupo parlamentar exige saber qual o ponto de situação das negociações e se o Governo garante que a eficácia desta rede não está comprometida este ano.

Os social-democratas mencionam ainda que “há mais de uma semana terá chegado ao Ministério das Finanças uma proposta de pré-acordo enviada pelos acionistas do SIRESP que, segundo o que vem veiculado na imprensa, até ao momento, não obteve qualquer resposta por parte do Governo”.
Altice reitera posição
A Altice Portugal comprometeu-se entretanto, em comunicado, a assegurar os serviços de rede necessários à segurança das populações, afirmando "não é nem será responsável" por um eventual apagão do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança.

A empresa diz ainda que "sempre considerou que a rede SIRESP se reveste de grande relevância para o país" e "vinha defendendo a necessidade de investimentos adicionais em soluções de redundância, que planeou, desenhou e implementou, nomeadamente através da Rede de Transmissão via Satélite e de Redundância de Energias após solicitação da SIRESP SA em consequência de pedido direto do Ministério da Administração Interna".

O SIRESP é atualmente detido em 52,1 por cento pela Altice Portugal, 33 por cento pelo Estado e 14,9 por cento pela Motorola Solutions.

c/ Lusa
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