Guarda de passagem de nível de Darque ameaçada de morte devido a acidente fatal
A guarda "residente" da passagem de nível de Darque, Viana do Castelo, onde domingo morreram duas pessoas, queixou-se hoje de estar a receber ameaças de morte, apesar de na altura do acidente não se encontrar de serviço.
"Já tive de chamar a GNR duas vezes e fechar-me dentro de casa, que ele andava aqui a rondar a porta aos gritos, dizendo que eu matei duas pessoas e que me ia matar", disse à Agência Lusa aquela guarda, Conceição Ferreira.
Fonte da GNR confirmou as queixas e acrescentou que já identificou o indivíduo, um homem com cerca de 40 anos, de naturalidade indiana, trabalhador nas obras da A-28 e residente na zona de Darque.
Segundo a mesma fonte, o referido indivíduo é o presumível autor do apedrejamento, na terça-feira, de um comboio junto àquela passagem de nível, incorrendo assim num crime contra a segurança ferroviária, pelo que o caso já foi participado ao Ministério Público.
O acidente registou-se pelas 13:15 de domingo, quando um comboio colheu uma viatura naquela passagem de nível, matando um homem de 41 anos e a mulher de 40.
Na altura, a passagem estava a cargo de uma guarda que só ali presta serviço "de vez em quando" e que já terá confessado a uma outra colega que terá feito "confusão com os horários", pensando que o comboio só ali passaria cinco minutos mais tarde.
A Refer e o Instituto Nacional de Transporte Ferroviário abriram de imediato inquéritos para apurar as causas do acidente, apontando os respectivos relatórios preliminares para um erro humano da guarda da passagem de nível.
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou hoje que aquela passagem de nível vai ser encerrada no prazo de 48 horas ao tráfego rodoviário, ficando transitoriamente aberta para a passagem de peões.